ATA DA SEPTUAGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 19-9-2005.

 


Aos dezenove dias do mês de setembro do ano de dois mil e cinco, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Manuela d'Ávila, Maria Celeste, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro, Professor Garcia e Raul Carrion. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Claudio Sebenelo, DJ Cassiá Gomes, Elias Vidal, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, Luiz Braz, Márcio Bins Ely, Margarete Moraes, Mario Fraga, Maristela Meneghetti, Maurício Dziedricki, Mônica Leal, Paulo Odone, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. À MESA, foram encaminhados, pelo Vereador Carlos Todeschini, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 130/05 (Processo nº 2750/05); pelo Vereador Elói Guimarães, o Projeto de Resolução nº 130/05 (Processo nº 5558/05); pelo Vereador Haroldo de Souza, os Pedidos de Providências nos 2111, 2112, 2113, 2115, 2116, 2117, 2190, 2191, 2192, 2193, 2194, 2195, 2196, 2197, 2198, 2199, 2200, 2201, 2202, 2203 e 2204/05 (Processos nos 5315, 5316, 5317, 5319, 5320, 5321, 5475, 5476, 5477, 5478, 5479, 5486, 5487, 5488, 5489, 5490, 5491, 5492, 5493, 5494 e 5495/05, respectivamente); pelo Vereador João Antonio Dib, o Pedido de Informações nº 230/05 (Processo nº 5574/05); pelo Vereador João Carlos Nedel, os Pedidos de Providências nos 2222, 2223, 2224, 2225 e 2227/05 (Processos nos 5591, 5593, 5618, 5619 e 5626/05, respectivamente); pela Vereadora Manuela d'Ávila, o Pedido de Informações nº 231/05 (Processo nº 5590/05); pelo Vereador Professor Garcia, os Pedidos de Providências nos 2050 e 2051/05 (Processos nos 5238 e 5239/05). Também, foram apregoados os seguintes Ofícios, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre: de nº 309/05, encaminhando o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 006/05 (Processo nº 5586/05); de nº 318/05, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo nº 019/05 (Processo nº 5614/05); de nº 324/05, encaminhando Mensagem Retificativa ao Projeto de Lei do Executivo nº 011/05 (Processo nº 5071/05). Do EXPEDIENTE, constou o Comunicado nº 139049/05, do Senhor José Henrique Paim Fernandes, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Na ocasião, o Senhor Presidente determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Septuagésima Primeira, Septuagésima Segunda e Septuagésima Terceira Sessões Ordinárias e da Trigésima Terceira Sessão Solene, que foram aprovadas, constatada a existência de quórum. Ainda, foi apregoado o Ofício nº 196/05, firmado pelo Vereador Elói Guimarães, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, por meio do qual Sua Excelência informa que o Vereador Aldacir Oliboni estará representando externamente este Legislativo na Sessão Solene de abertura da V Conferência Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do CEDICA, no Salão de Atos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, em Porto Alegre, no dia vinte e três de setembro do corrente, às vinte horas. Ainda, o Senhor Presidente informou a ausência do Senhor Wilson Valério Lopes, Secretário-Geral da Confederação Nacional das Associações de Moradores – CONAM, entidade que faria uso da Tribuna Popular no dia de hoje. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Professor Garcia criticou a omissão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições que ocorreram no País para os Diretórios Municipais do Partido dos Trabalhadores, questionando os motivos que o teriam levado a tomar tal decisão. Em relação ao assunto, demonstrou estar surpreso com a atitude do Presidente da República e afirmou que esse fato serve como mau exemplo de cidadania à população brasileira. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Maurício Dziedricki lembrou que ontem iniciou a programação da Semana Nacional de Trânsito, que tem como principal objetivo despertar a população para as políticas educacionais, ressaltando a necessidade de o Executivo tomar medidas para melhorar as condições de tráfego em Porto Alegre. Sobre a matéria, afirmou que o investimento em educação de motoristas e pedestres diminuirá os índices de acidentes ocasionados nas vias urbanas. A seguir, foram registradas as presenças do Senhor Luiz Afonso Senna, Secretário Municipal de Mobilidade Urbana, convidando-o a integrar a Mesa dos trabalhos e informando que Sua Senhoria comparece a este Legislativo para divulgar a Semana Nacional do Trânsito. Também, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Senhores Fernando Dutra Michel, Jorge Ribeiro, Celso Pitol e José Wilmar Govinatzki e da Senhora Lúcia Helena Zuchowski, respectivamente Diretor de Transportes, Assessor Comunitário, Assessor Parlamentar, Diretor de Trânsito e Circulação e Diretora Administrativa da Empresa Pública de Transportes e Circulação – EPTC. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Vereadora Clênia Maranhão, que, em nome da Casa, saudou o Senhor Luiz Afonso Senna e discorreu acerca da necessidade de os governantes, juntamente com a sociedade civil organizada, iniciarem um processo de aprofundamento de suas responsabilidades em relação ao trânsito, bem como à diminuição dos acidentes e à construção de políticas adaptadas às novas estruturas urbanas dos Municípios. Nesse sentido, alegou que a Semana Nacional do Trânsito deverá representar um avanço na construção de comportamentos mais humanitários e responsáveis para a Cidade de Porto Alegre. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Luiz Afonso Senna, que se manifestou acerca de sua presença nesta Casa. Na ocasião, foi realizada a apresentação de audiovisual relativo a questões do trânsito em Porto Alegre. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores Adeli Sell, Raul Carrion, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Carlos Todeschini, Claudio Sebenelo, Luiz Braz, Paulo Odone, Maria Celeste, Manuela d'Ávila, Sebastião Melo, Ervino Besson e Aldacir Oliboni, que se manifestaram e formularam questionamentos ao Senhor Luiz Afonso Senna acerca do assunto em debate. Ainda, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Luiz Afonso Senna, que respondeu a questionamentos anteriormente formulados pelos Senhores Vereadores. Às dezesseis horas e quarenta e três minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e quarenta e sete minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo noticiou que o Tribunal de Contas do Estado julgará, depois de amanhã, denúncia feita por Sua Excelência acerca de irregularidades em contratos para recolhimento de lixo no Município na gestão do ex-Prefeito Tarso Genro. Ainda, debateu a necessidade de alargamento da Avenida Baltazar de Oliveira Garcia e criticou iniciativa do Vereador Carlos Comassetto para definir o traçado do “Corredor de Cavalgada”, na Zona Sul. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou o transcurso do aniversário, ontem, do Vereador Carlos Comassetto, procedendo à entrega, em nome da Mesa Diretora, de um cartão de felicitações a Sua Excelência. Em GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora Mônica Leal examinou o problema da insegurança vivido pela sociedade contemporânea e o descontrole no aumento da criminalidade, declarando que a sociedade como um todo acaba sendo vitimada pela violência. Nesse contexto, citou casos de roubos e agressões acontecidos nos últimos dias, contestando as ações do Governo Federal que, segundo Sua Excelência, não assume suas responsabilidades frente a essa realidade. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Luiz Braz discorreu sobre a cassação do Deputado Federal Roberto Jefferson e discordou de decisão do Supremo Tribunal Federal, que concedeu liminar adiando o julgamento de Parlamentares suspeitos de terem cometido irregularidades no exercício de seus mandatos. Também, sustentou que essa situação causa uma frustração na população brasileira e que é preciso punir os culpados, a fim de que o País seja melhor representado nos seus Parlamentos. O Vereador Maurício Dziedricki parabenizou os dez anos da Liga de Bocha do Bairro Intercap, no dia treze de setembro do corrente, enfocando os benefícios que os movimentos comunitários trazem aos moradores. Sobre o tema, relatou que os espaços de lazer nos Bairros de Porto Alegre devem ser preocupação de todos os Governos, uma vez que esses ambientes favorecem o fortalecimento da cultura popular e a humanização entre seus freqüentadores. A Vereadora Neuza Canabarro referiu-se à crise política que abala o País, justificando que ela não atinge somente o Partido dos Trabalhadores, mas todos os Partidos. Nesse contexto, discursou sobre as eleições internas realizadas no PT, indagando acerca do não-comparecimento do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva a esse pleito e sustentando que as questões administrativas e os graves problemas brasileiros parecem não fazer parte das preocupações do Presidente. O Vereador Bernardino Vendruscolo defendeu modificações para melhorar as condições de trânsito nas Avenidas Sertório, Protásio Alves e Carneiro da Fontoura, apontando sugestões de sua autoria que não foram atendidas pela Secretaria Municipal de Transportes e pela Empresa Pública de Transporte e Circulação. Ainda, ofereceu três lenços de presente ao Vereador Haroldo de Souza, realçando o transcurso, amanhã, do centésimo septuagésimo aniversário da Revolução Farroupilha. O Vereador Carlos Comassetto registrou a realização, ontem, da eleição interna do Partido dos Trabalhadores, afirmando que todas as pessoas que compareceram às votações estão comprometidas com a reconstrução do Partido. Também, rechaçou declarações do Vereador Sebastião Melo, em Comunicação de Líder, em relação ao Projeto de Lei de sua autoria, que cria a hipovia em Porto Alegre, alegando que essa iniciativa partiu de conversas e negociações com criadores de eqüinos da Zona Sul. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion debateu a significância das comemorações, amanhã, do centésimo septuagésimo aniversário do início da Revolução Farroupilha, considerando esse movimento como exemplo de engajamento do povo gaúcho na busca por seus ideais libertários e nacionalistas. Nesse sentido, ressaltou que existem duas interpretações históricas da Guerra dos Farrapos, refutando aquela que não considera essa Revolução republicana e progressista. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos 051/01 e 254/05, discutidos pelo Vereador Carlos Comassetto, 140/05, discutido pelos Vereadores Professor Garcia, João Carlos Nedel e pela Vereadora Clênia Maranhão, 245/05, discutido pelos Vereadores Professor Garcia e João Carlos Nedel, 252/05, discutido pela Vereadora Clênia Maranhão, 198, 242, 246 e 248/05, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 021/01, discutido pelo Vereador João Carlos Nedel, o Projeto de Lei do Executivo nº 016/05, discutido pelo Vereador João Antonio Dib, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 005/05, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e Professor Garcia, o Projeto de Resolução nº 126/05, discutido pelo Vereador João Carlos Nedel. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D'Avila discorreu acerca dos problemas enfrentados atualmente pelo Partido dos Trabalhadores e afirmou que não acredita na possibilidade de extinção desse Partido. Ainda, analisou o ingresso de parlamentares descontentes com o Governo Federal no Partido Democrático Trabalhista, exclamando que o PDT preza mais pela qualificação de seus quadros do que pelo número de filiados. O Vereador Carlos Todeschini rechaçou declarações dos Vereadores Sebastião Melo e Luiz Braz em relação às contas da Prefeitura durante o Governo do Senhor Tarso Genro, apresentando Certidão da Circunscrição Eleitoral do Rio Grande do Sul, na qual as contas da campanha eleitoral foram julgadas regulares. Sobre o tema, registrou a realização, ontem, das eleições internas do Partido dos Trabalhadores, julgando o PT capaz de encontrar soluções para os problemas por que está passando. O Vereador Luiz Braz refutou o pronunciamento do Vereador Carlos Todeschini em Comunicação de Líder, assegurando que nunca analisou as contas da Prefeitura referentes ao Governo do ex-Prefeito Tarso Genro. Ainda, relatou as dificuldades enfrentadas pelo Tribunal de Contas do Estado na avaliação das atividades financeiras da Prefeitura Municipal, sustentando que esse trabalho deve ser facilitado com as alterações previstas na Reforma Política. O Vereador João Antonio Dib chamou a atenção para a crise enfrentada pelo Partidos dos Trabalhadores, salientando que em todos os Partidos existem pessoas boas e ruins e criticando integrantes dessa Legenda, que reprovavam a postura de outros políticos. Nesse sentido, afirmou que foram cometidas irregularidades na Prefeitura durante o período em que foi governada por membros do PT, mencionando como exemplo problemas em contratos municipais com empresas prestadoras de serviços. O Vereador Paulo Odone, aludindo à relevância das comemorações em homenagem à Semana Farroupilha, discutiu os problemas por que passa o País atualmente e posicionou-se sobre o envolvimento de integrantes do Partido dos Trabalhadores em denúncias de irregularidades administrativas e suspeitas de corrupção no Governo Federal. Ainda, teceu considerações sobre a necessidade de o povo brasileiro lutar contra a demagogia de alguns idealismos políticos. Às dezoito horas e quarenta e três minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Elói Guimarães e secretariados pelo Vereador Nereu D'Avila. Do que eu, Nereu D'Avila, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): No espaço destinado à Tribuna Popular, estava previsto o comparecimento da Confederação Nacional das Associações de Moradores, a Conam, a qual não compareceu.

Também está prevista, em comparecimento, a presença do Sr. Luiz Afonso Senna, Secretário de Mobilidade Urbana e Presidente da EPTC. O encerramento do período destinado à Tribuna Popular estava previsto para as 14h30min, talvez, por esse motivo, o Sr. Secretário ainda não esteja presente. Então, assim que chegar o Secretário, nós o ouviremos.

O Ver. Professor Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu vou usar o tempo de Liderança em razão de um fato ocorrido ontem e que me causou surpresa, estranheza, mas que, felizmente, não diz respeito ao meu Partido.

Ontem não consegui entender por que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula, Presidente de honra do PT, não participou da votação para o Presidente Nacional do seu Partido. Eu disse aos meus colegas petistas que iria fazer essa observação, porque entendo, primeiro, que o Presidente Lula, sendo Presidente de honra de um Partido que ajudou desde a sua fundação, pode sim ser um magistrado, entendo que ele deveria ter ido lá votar e não abrir o voto. No entanto, a omissão é inadmissível, e nós podemos fazer uma leitura inversa, qual seja, de que o Presidente virou as costas para o seu próprio Partido. Muitas vezes, ele fez essa desassociação entre Governo e Partido. Mas não participar da eleição, estando em São Paulo, sua terra natal, abrindo mão do voto, essa omissão, de forma clara, eu não consigo entender.

Esse foi um péssimo exemplo para a população do nosso País. Como é que nós orientamos sempre a população? Ora, é a questão da cidadania; o voto é talvez a única forma de mudança social, e, quando o Presidente da República, a mais alta autoridade do nosso País, abre mão de um voto interno no seu Partido, de consignar o seu voto, eu volto a dizer que é um péssimo exemplo à Nação, um péssimo exemplo de cidadania, inadmissível para um Presidente da República. E quero repetir: entendo que ele não deveria abrir o voto, isso sim, numa postura de magistrado. Mas omitir-se e não votar é inadmissível; este Vereador não pode concordar com isso, embora não seja do Partido do Presidente. Volto a dizer: por ser o mais alto mandatário do País, essa sua conduta foi um péssimo exemplo para a cidadania. Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Conforme colocado anteriormente, nós estamos aguardando a chegada do Secretário de Mobilidade Urbana, Presidente da EPTC, por isso iniciaremos o Grande Expediente. Tão logo chegue o Secretário, passaremos ao comparecimento.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Maurício Dziedricki está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. MAURÍCIO DZIEDRICKI: Exmo Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, público que nos assiste nas galerias desta Casa e pela TVCâmara, no Canal 16: venho a esta tribuna registrar, em Grande Expediente, algo que nos chamou muito a atenção - nós, que nesta semana estamos vivendo a Semana Nacional de Trânsito, com inúmeras políticas que visam a atender a complexidade que se dá em nossos Municípios da realidade que os carros, que os ônibus e que, principalmente, os pedestres acabam por viver. Nesse sentido, iniciaram-se ontem inúmeras programações que atendem aos adultos, às crianças, aos condutores profissionais, aos transportadores de cargas perigosas, trata-se de políticas educacionais prioritariamente. E no dia de hoje, no caso, estamos aguardando a presença do Secretário Senna, Secretário de Mobilidade Urbana, que deverá trazer, sim, um relato preciso de como a EPTC e a própria Secretaria Municipal de Transportes, hoje Secretaria de Mobilidade Urbana, atenderá à demanda da nossa grande população. Esse registro eu faço, uma vez que, cada vez mais atento às dificuldades do trânsito, vejo um crescimento sobrenatural de carros, de veículos, por muitas vezes poluidores, dentro da nossa Cidade, e não há um regramento explícito, ou, se há, não é cobrado.

Eu quero registrar aos meus Pares a preocupação que trazem os jornais de hoje a respeito dos engarrafamentos nas imediações do Shopping Iguatemi, dos engarrafamentos no cruzamento Ipiranga-Silva Só, dos engarrafamentos no Parcão no fim de semana. Porto Alegre tem um veículo para cada dois habitantes. Vossas Excelências imaginem o conflito que ocorre no dia-a-dia, no trânsito, nas ruas da nossa Cidade por conta justamente de políticas não tão claras no que diz respeito à fiscalização e até mesmo ao regramento, como o que existe em São Paulo, o rodízio. Precisamos dessas políticas, para que não tenhamos essa massa, esse número, essa grande formação de veículos sem motoristas de boa postura, precisamos de um trânsito que realmente respeite o nosso pedestre.

Eu trago isso, porque, nesse último fim de semana, o Prefeito Fogaça foi a Nova Iorque, ao Instituto Bill Clinton, e registrou lá a motivação da Prefeitura de Porto Alegre em receber 1 milhão e 800 mil dólares, a fundo perdido, para trabalhar as questões da redução do impacto da poluição nos ambientes urbanos. E o que o Prefeito Fogaça busca é justamente construir linhas alternativas e de transporte rápido nos coletivos da nossa Cidade, que, diga-se de passagem, é reconhecida como referência brasileira, mas que, ainda assim, prima por um sistema de linha rápida. E quem sabe essa Linha Rápida não poderá substituir, inclusive, os nossos automóveis, que sobrecarregam as vias da nossa Cidade?

O entendimento da complexidade da malha urbana, motivado pela 3ª Perimetral, cada vez mais nos dá uma certeza: faltam mais perimetrais. E de que forma conduziremos, acima de tudo, o respeito à vida com as políticas de segurança, Secretário Senna, que são necessárias para o nosso Município? Pois a EPTC não é meramente um órgão arrecadador; ele deve ter, sim, cunho educativo. Esse cunho educativo nós devemos referendá-lo na Semana Nacional do Trânsito. E é motivo de preocupação dos Vereadores a morte, cada vez mais, de pessoas no trânsito urbano por atropelamento, colisões ou mesmo os nossos utilizadores profissionais, como é o caso dos motobóis, vitimados em grande parte de seus acidentes.

A preocupação que trago a esta Casa é justamente nesse sentido. Não será hora de o nosso Município adotar algumas posturas restritivas quanto aos veículos em determinadas regiões? Porque cada vez mais vejo jovens em postos de gasolina consumindo álcool e pegando essas máquinas, que se tornam mortíferas.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Maurício, primeiramente quero agradecer o aparte a Vossa Excelência. Acho que é muito oportuna a visita do Secretário Senna no dia de hoje. Eu recebi algumas reclamações, inclusive agora há pouco, do nosso Ver. Cassiá, que, na sexta-feira, à 1h30min da manhã, na Av. Carlos Gomes, havia um radar móvel para multar os motoristas. Eu acho que esse não é um sistema para educarmos nossos motoristas. Não concordamos com isso em hipótese alguma! O que a EPTC tem de fazer é varrer essas vias, parando os veículos e multando rigorosamente. Agora, radar móvel à 1h30min da madrugada simplesmente para multar?! O Secretário, que está aqui, vai me perdoar, de repente poderá me dar alguma explicação, mas nós não concordamos com isso, com todo o respeito à nossa EPTC. Muito obrigado, Ver. Maurício.

 

O SR. MAURÍCIO DZIEDRICKI: Obrigado, Ver. Ervino. É muito oportuna a sua colocação, uma vez que este Vereador tem, nesta Casa, tramitando nas nossas Comissões, um Projeto que realmente busca atender ao regramento explícito de como serão registrados ou publicizados os nossos controladores de velocidade. A essência da EPTC e dos nossos agentes de trânsito não é meramente multar por multar; a multa se dá em decorrência de processos educativos, que são cada vez mais obstruídos. E isso deve ser uma maneira meramente compensatória, porque a política de educação de redução de velocidade se dá com severidade no que diz respeito a mostrar as nossas leis, explicar a importância de não correr.

Como eu vinha dizendo, muitas vezes nós vemos jovens consumindo álcool, pegando o veículo e matando gente. Vemos condutores de veículos que abusam da velocidade em vias públicas e atropelam crianças, idosos, nossos companheiros moradores da Capital, isso deve ser combatido com severidade. Mas também devemos explicitar, cada vez mais, a força que tem o veículo no nosso dia-a-dia, a sua comodidade. Li numa entrevista hoje: “É verdade, existem muitos engarrafamentos, mas eu não abro mão do meu carro para ir trabalhar.”

Quantas são as pessoas que usam e se valem dos seus automóveis para ir trabalhar no Centro - uma região caótica no que diz respeito à mobilidade - e que poderiam estar usufruindo o nosso sistema de transporte coletivo? Agora há essa motivação trazida pelo Prefeito Fogaça, são aproximadamente 4 milhões e 500 mil reais de incentivo para a Cidade construir uma plataforma de sistema coletivo de velocidade, de agilidade como o conhecido e famoso “Ligeirinho”, que existe na Capital do Estado do Paraná, em Curitiba -, o que poderá se tornar uma solução para os nossos grandes problemas.

Nesse sentido, somo-me àqueles que acreditam que a vida prevalecerá sobre o aço dos nossos carros. Por isso temos que ter realmente políticas educacionais e devemos estar andando ao lado da sociedade, amparados pela premente necessidade de termos um transporte eficaz, com segurança nos nossos coletivos, mas também um regramento explícito no que diz respeito à complexidade do trânsito. E Porto Alegre carece disso. A 3ª Perimetral foi, verdadeiramente, uma conquista, mas faltam outras conquistas no tocante ao sistema de trânsito de Porto Alegre.

Minha saudação ao companheiro Jorge Ribeiro e à Lúcia Zuchowski, aqui presentes, pois sei que eles têm militado diuturnamente à frente da EPTC, junto com o Secretário Senna. A EPTC, mais do que nunca, através dos seus agentes de trânsito, tem esse dever para com a sociedade. Nós devemos estar ao lado dos agentes, da sociedade, ouvindo principalmente as reclamações, para que tenhamos não a política arrecadatória de outros tempos, mas a convicção de que a EPTC, a Secretaria de Mobilidade Urbana, os munícipes, os condutores de veículo de Porto Alegre primam por um interesse maior, pela preservação da vida e por um regramento claro, evidente e eficaz nas ruas da nossa Cidade.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós gostaríamos de consultar a Verª Mônica Leal, que está inscrita em Grande Expediente, se, antes de lhe dar a palavra, podemos fazer o comparecimento do Sr. Secretário.

 

(Há a concordância da Vereadora.)

 

Hoje temos o comparecimento do Sr. Luiz Afonso Senna, Secretário Municipal de Mobilidade Urbana, o qual convidamos a integrar a Mesa. Queremos também registrar a presença do Sr. Fernando Dutra Michel, Diretor de Transportes da EPTC; da Srª Lúcia Helena Zuchowski, Diretora Administrativa da EPTC; do Sr. Jorge Ribeiro, da Assessoria Comunitária da EPTC; do Sr. Celso Pitol, Assessor Parlamentar da EPTC; do Sr. José Wilmar Govinatzki, Diretor de Trânsito e Circulação da EPTC.

Seguindo a praxe da Casa, queremos oferecer a palavra à Verª Clênia Maranhão para que saúde o Secretário e os demais dirigentes da EPTC em nome da Casa. A Verª Clênia Maranhão está com a palavra.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente; Exmo. Sr. Luiz Afonso Senna, Secretário Municipal de Mobilidade Urbana; Dirigentes da EPTC que aqui se encontram - Sr. Fernando Dutra Michel, Srª Lúcia Helena, Sr. Jorge Ribeiro -; Sr. Celso Pitol, Assessor Parlamentar, que tem acompanhado os trabalhos desta Casa; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu queria apenas, em nome da nossa Casa, expressar o significado da presença, nesta Casa, do Secretário Senna e dos Dirigentes da EPTC nesta semana. É um enorme prazer recebê-los, porque estamos cientes da responsabilidade que temos, como pessoas públicas, na construção dos comportamentos, na definição das políticas e na fiscalização das políticas públicas referentes ao nosso Município.

Nesta Semana Nacional do Trânsito, quando os Governos, a sociedade civil, os militantes, os Parlamentos iniciam um processo de aprofundamento das suas responsabilidades em relação ao trânsito, em relação à diminuição dos acidentes, em relação à construção de políticas adaptadas às necessidades das novas estruturas urbanas dos nossos Municípios, a presença do Secretário, dos Dirigentes da EPTC, dos Dirigentes da Secretaria, evidentemente, estimulará uma maior integração e um maior aprimoramento das nossas ações. Esperamos que a Semana Nacional do Trânsito signifique um avanço na construção de comportamentos mais humanitários, mais responsáveis e tecnicamente mais indicados para o nosso Município, para a nossa Cidade.

Queríamos, portanto, saudar a presença de todos, rapidamente saudar a presença das senhoras e dos senhores, porque o fundamental neste momento é ouvir os especialistas - o Secretário e os Dirigentes da EPTC -, que vão trazer para nós as últimas iniciativas e sugestões, que, nesta Semana, trarão bons frutos para a nossa Cidade. Sejam todos muito bem-vindos!

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos agradecer as palavras proferidas pela Verª Clênia Maranhão, que interpretou aqui a saudação dos Srs. Vereadores e das Sras Vereadoras.

O Sr. Secretário Luiz Afonso Senna vem à Casa para tratar de assunto relacionado, evidentemente, à sua área, mas, em especial, para falar sobre a Semana Nacional do Trânsito. O Sr. Luiz Afonso Senna está com a palavra.

 

O SR. LUIZ AFONSO SENNA: Obrigado, Sr. Presidente. Muito boa-tarde a todos. É um prazer estar nesta Casa, podendo trazer aqui o cenário que encontramos no setor de trânsito e transportes da nossa Cidade e apresentar aos senhores e às senhoras um pouco do que nós estamos pensando em relação a esse setor. Preparamos uma apresentação, para que V. Exas pudessem acompanhar a exposição que pretendo fazer.

Primeiramente, eu gostaria de caracterizar e saudar a Semana Nacional de Trânsito, uma Semana que a gente aproveita para conscientizar as pessoas no sentido da importância da observação do Código de Trânsito Brasileiro, que assegurará, com certeza, a diminuição de acidentes, que tanto nos preocupa e têm causado tanta dor a muitas das famílias, algumas delas muito próximas. Pessoalmente, eu sofri bastante há uma semana e meia atrás, em que fomos testemunhas da perda de um jovem; ele, em alta velocidade, se deslocava em uma das avenidas da nossa Cidade e acabou falecendo. Cada vez que isso acontece acaba nos sensibilizando ainda mais em relação à responsabilidade que temos para que essa verdadeira guerra que a gente observa no trânsito possa diminuir.

(Projeção de imagens.) Eu começaria a apresentação tentando caracterizar, fundamentalmente, as áreas pelas quais a EPTC e a Secretaria de Mobilidade Urbana, até então Secretaria de Transportes, são responsáveis.

Nós temos, basicamente, projetos estratégicos em termos de mobilidade urbana: o planejamento de trânsito e da circulação da nossa Cidade; dimensionamento da operação de transporte público; controle e fiscalização da operação de transporte; gerenciamento de isenções, passagens escolares, etc.; manutenção de todo o mobiliário e da sinalização viária das nossas vias; atendimento ao público - e eu vou, em seguida, tentar caracterizar bastante esse aspecto, que é extremamente importante dentro das atividades que desempenhamos -; administração da Área Azul; fiscalização de trânsito; atendimento de acidentes; análise de solicitações de transporte e educação para o trânsito.

A nossa Capital é uma Cidade que, em termos de transporte, apresenta algumas características bastante peculiares. Nós temos uma rede radial monocêntrica que faz com que boa parte de todos os movimentos da nossa Cidade, particularmente em termos de transporte público, se dirija para a área central da nossa Cidade. O transporte coletivo que administramos tem 1.850 quilômetros de rede, sendo que, em 50 quilômetros dessa rede, os ônibus e os veículos de transporte coletivo operam em faixas exclusivas. Uma das características da nossa Cidade - eu acho importante, Vereador, colocar essas questões, para dar um pano de fundo do cenário com o qual nós temos de trabalhar - é o fato de o Centro da Cidade ser, na realidade, um segundo bairro de todos os cidadãos de Porto Alegre. Ou seja, além das atividades que se desenvolvem nos bairros onde as pessoas residem, o Centro acaba sendo um segundo local para onde elas se deslocam. Isso obviamente gera toda uma movimentação na Cidade que precisa ser considerada para que possamos atacar os problemas decorrentes.

O nosso sistema de transporte público, particularmente no que diz respeito a modal ônibus, atende a cerca de um milhão de passageiros por dia, com uma frota aproximada de 1.600 ônibus, o que soma, aproximadamente, 850 habitantes por veículo. Temos 332 linhas, e o número de viagens por dia fica na ordem de 25 mil passageiros por linha. Quanto ao perfil básico da frota, nós temos ônibus que foram sendo qualificados com o tempo, temos um percentual que tem ar-condicionado, e há veículos especiais para portadores de deficiências. A idade média da nossa frota é de cerca de cinco anos, com IPK equivalente na ordem de 2,1, um percurso médio mensal na ordem de 5 milhões de quilômetros e um custo por quilômetro na ordem de 3 reais e 81 centavos, ou seja, cada quilômetro que cada veículo anda na Cidade significa, em média, 3 reais e 81 centavos.

No nosso sistema, há ainda também o transporte por táxi-lotação, o nosso seletivo, que também atende a uma parcela substancial da nossa população, cerca de 52 mil passageiros por dia em 30 linhas, com uma frota de 400 veículos, basicamente veículos com 21 lugares. (Projeção de imagens.) Complementarmente, nós temos os táxis, cerca de 4 mil táxis, com uma idade média de 5 anos. É uma frota bastante moderna, se considerarmos as frota de outras Cidades do nosso País. Atendemos também ao transporte escolar, com uma frota de cerca de 627 veículos, que atende a 294 escolas. Quanto aos veículos particulares, nós temos cerca de 520 mil, mas esse número às vezes diverge um pouquinho em função dos cadastros que temos, mas, basicamente, há cerca de 520 mil veículos circulando na Cidade. Isso nos leva para taxas de motorização extremamente elevadas, comparáveis com algumas cidades do Primeiro Mundo. E, complementarmente ao sistema, nós temos então o Metrô, que é operado pela empresa Trensurb.

No que diz respeito ao transporte público por ônibus, Porto Alegre apresenta uma grande sofisticação, vamos dizer assim, em relação à gestão desse sistema. Nós hoje trabalhamos em bacias operacionais, fato que é imitado, inclusive, em lugares fora do Brasil, em função da qualidade e da eficiência econômica que isso pode representar para o sistema de produção do sistema de transportes. Então, nós temos, basicamente, três consórcios operacionais - a Conorte, a STS e a Unibus - e, complementarmente, temos a nossa empresa Carris, a nossa centenária Carris, empresa pública que opera, prioritariamente, as linhas transversais.

Eu passaria, agora, rapidamente, a apresentar o que foi feito nesse período inicial, desde que assumimos a Secretaria. Em relação à fiscalização no setor de transportes, nós já fizemos um número elevado de vistorias nos veículos. Eu trouxe alguns exemplos aqui. Por exemplo, em relação aos ônibus, já foram feitas cerca de 8 mil vistorias, sendo que 8% delas redundaram na reprovação dos veículos e identificação de trabalhos a serem feitos para qualificá-los. No sistema de táxi também realizamos cerca de 7.800 vistorias; nos lotações, 1.053; no transporte escolar, 1.690. É importante destacar isso, pois, de alguma forma, eu gostaria de passar aos senhores a idéia da complexidade e da quantidade de trabalho que a EPTC e a Secretaria desenvolvem dentro da nossa Cidade. Essas ações, entre outras, nos remetem para um índice de cumprimento de viagens do sistema de transporte de 97%, significa que apenas 3% das viagens programadas não são realizadas. Isso realmente é um patamar bastante elevado, o que não significa que sejamos perfeitos, muito pelo contrário, muita coisa ainda precisa ser melhorada.

No que diz respeito ao trânsito e à circulação, eu também trouxe alguns dados, e, nesta Semana Nacional do Trânsito, é extremamente importante que eles sejam destacados. Primeiro, eu gostaria de caracterizar o que nós temos chamado de uma verdadeira guerra que presenciamos quase que diariamente: só nesses primeiros seis meses em que estamos à frente do setor de transporte e tráfego em nossa Cidade, já foram observados, lamentavelmente, cerca de 14 mil acidentes, que redundaram em cerca de 5 mil feridos e 105 mortos. Esses números, senhores e senhoras, são absolutamente eloqüentes e nos fazem refletir permanentemente se são razoáveis de os aceitarmos.

Na realidade, no nosso ponto de vista, essa verdadeira chacina não pode continuar. Muitas vezes nos é solicitado que façamos algumas comparações em relação aos números de Governo passados, etc., e eu tenho registrado, permanentemente, que essa discussão é absolutamente desnecessária. O problema que nós temos que enfrentar - não nos interessa se houve uma redução em número de 10, ou se aumentou 20, ou se reduziu 50 - é que os números, por si só, são inadmissíveis. Então, não interessa a caracterização. Como os indicadores são importantes, nós temos que os reduzir, mas temos de reduzi-los em si só e não na comparação de ver se é mais eficiente ou menos eficiente...

Por que digo isso, senhores? Com relação às ações que nós temos feito, por exemplo, as blitze: uma questão que foi mencionada um pouco antes de eu iniciar a minha fala é à que se refere ao radar colocado à noite. Os radares são colocados e utilizados dessa forma jamais com o cunho de arrecadação, mas porque é a única forma de podermos identificar aquelas pessoas que passam em altíssimas velocidades.

Há duas semanas, tivemos a oportunidade de receber o Dr. Miura, um engenheiro extremamente qualificado e respeitado nacional e internacionalmente, que foi uma das pessoas que auxiliou o então Governador do Distrito Federal a implantar um conjunto de medidas que fez com que Brasília passasse de uma cidade em que havia uma guerra para uma cidade em que temos padrões extremamente civilizados de relação entre os motoristas, entre os motoristas e os pedestres. Foi realizado e desenvolvido algo lá que nós queremos copiar - o que é bom deve ser copiado -, que é um grande pacto pela mobilidade, um grande pacto pela vida, na cidade, envolvendo um conjunto de ações.

E ele descrevia - dentro do aprendizado que nos propomos a aprender com ele - que um dos elementos fundamentais para reverter, alterar, modificar a cultura de uma cidade como Brasília foi exatamente a implantação de fiscais eletrônicos. Isso é extremamente importante, senhores, porque nós temos que, de alguma forma, evitar que a gente acabe fazendo a cultura da infração. Pensamos - eu e alguns colegas lá da EPTC, até porque a pessoa que havia morrido é uma pessoa próxima - no seguinte sentido: se houvesse algum equipamento eletrônico, isso teria, de alguma forma, evitado que aquele jovem perdesse a sua vida?

Bom, as blitze redundaram, então, em cerca de 5.700 veículos fiscalizados; autuados, 3.457; recolhidos, 526. Ainda em relação aos mortos - voltando um pouquinho para a parte anterior aos acidentes -, nós temos um outro número que é assustador: dos 105 mortos que tivemos no primeiro semestre, 57% deles - 60 pessoas - morreram por atropelamento. O atropelamento só acontece sob uma das duas condições: imprudência do pedestre ou do motorista, mas, em qualquer um dos dois casos, quem detém o instrumento da morte é o motorista. Então, uma grande conscientização, um grande trabalho que precisa ser feito - e vamos fazê-lo - é em relação a essas questões dos atropelamentos.

Além disso, temos também a fiscalização feita nas carroças, que é um problema que envolve não apenas a coibição, a punição e a fiscalização na ponta do processo, como também questões de ordem social que o Governo do Prefeito Fogaça está tratando de uma forma transversal, incluindo todas as Secretarias no objetivo, na busca de reduzir o transtorno que isso impõem ao tráfego na nossa Cidade.

Para realizar essa tarefa, que eu chamaria de hercúlea, de estarmos presentes em todas as frentes a que somos solicitados, a EPTC conta hoje com um quadro limitado de recursos humanos. Nós temos um efetivo que, no caso de trânsito, envolve 309 agentes; obviamente, um percentual desse contingente está permanentemente em férias ou em afastamentos por doença, etc. - uma média de 49, 50 funcionários -, totalizando, efetivamente, um número aproximado de 260 agentes de trânsito. Como nós atendemos a três turnos, obviamente esses números acabam se reduzindo, e daí a importância também dos meios eletrônicos para se fazer a fiscalização na Cidade.

Nós também estamos trabalhando e incentivando a idéia da educação para o trânsito e destacamos um grupo específico, inclusive nesta semana ele estará num dos shopping da nossa Cidade, juntamente com o DETRAN, trabalhando exatamente na conscientização e na educação de crianças e adultos no sentido de reduzir acidentes. Com esse efetivo, nós temos, na realidade, alguns números que podem nos deixar preocupados, que é da ordem de 5 mil veículos para cada agente para serem fiscalizados. A nossa frota, para trabalharmos em relação a isso, inclui 32 viaturas e 25 motocicletas. Das viaturas, é importante destacar, nós encontramos 12 em boas condições, as demais precisam ser repostas, substituídas pela má qualidade da manutenção que se encontram hoje. Da mesma forma, cerca de 12 motocicletas precisam ser substituídas. Obviamente, para tudo isso é preciso recursos, e eu vou colocar em seguida algumas questões que também nos preocupam em relação a isso.

No que diz respeito ao trânsito e à fiscalização, eu acho que é muito importante também, Vereador, destacar - eventualmente, temos ouvido, via imprensa e via algumas manifestações, que os “azuizinhos” não estão presentes -, primeiro, o esforço que temos feito, inclusive de utilização, de técnicas mais sofisticadas, de alocação de equipes nas vias, mas, além disso, há o fato de que os agentes atendem a uma infinidade de eventos, boa parte dos quais são os próprios acidentes. Então, para cada acidente que acontece na nossa Cidade, os nossos agentes precisam se deslocar para fazer a ocorrência, e, além disso, há um conjunto grande de eventos que nós atendemos, vou citar alguns apenas para situá-los: bloqueios viários para obras, como, por exemplo, o nosso Conduto Forçado da Álvaro Chaves, onde é permanente o nosso acompanhamento; serviços de escolta; passeata e diferentes manifestações públicas na nossa Cidade: carreatas, desfiles, feiras, futebol, shows, eventos religiosos, maratonas, triatlo, carnaval e outros. No fim de semana passado, por exemplo, a Cidade estava repleta de eventos: a Semana Farroupilha; eventos que aconteceram no Anfiteatro Pôr-do-Sol; jogo de futebol e assim por diante, e sempre a figura do nosso agente se faz presente.

Do ponto de vista de alguns aspectos importantes que servem de base para que possamos fazer o planejamento de ação da EPTC e da Secretaria em relação às questões de tráfego, trânsito, transporte e circulação, por exemplo, menciono alguns dos cruzamentos que apresentam maior número de acidentes na nossa Cidade, boa parte deles se encontra no eixo da Av. Ipiranga.

O mobiliário e sinalização viária são aspectos extremamente importantes da nossa atuação. No período de janeiro até agora, em termos de sinalização horizontal, tenho alguns números para referenciar: 3.136 metros quadrados de pintura e sinalização horizontal, contra o que tínhamos, no ano passado, da ordem de 2.200 metros quadrados; foram pintadas, em seis meses, 114 faixas de segurança, quando, no ano passado, foram cerca de 79. Fizemos uma ação importante em relação às paradas de ônibus, paradas seguras; tivemos o início da operação no Terminal Triângulo, que era uma obra emblemática, situada no meio de uma das grandes avenidas da nossa Cidade, que não havia uma solução, e conseguimos viabilizar; ainda não é o ideal, mas foi algo que fizemos até por respeito ao contribuinte da nossa Cidade. Fizemos um trabalho bastante importante no sentido de resgatar a qualidade das paradas nos corredores de ônibus, onde as pichações e colagens são feitas permanentemente, estamos trabalhando intensivamente em relação a isso.

Com relação a recursos humanos, a EPTC e a Secretaria, conjuntamente, contam com cerca de 980 funcionários, sendo 680 deles da EPTC, e o restante é da Secretaria Municipal de Transportes. Vereador, logo que assumimos, até para estruturar o trabalho que deveríamos e estamos procurando fazer, primeiro, montamos um diagnóstico para identificar exatamente a situação em que nos encontrávamos, até para subsidiar as ações que passaríamos a ter. E, nesse diagnóstico, apareceram algumas questões que, mais ou menos, elenquei, que são importantes para a caracterização desse pano de fundo das ações que vamos realizar.

Primeiramente, em relação à política de recursos humanos e condições de trabalho, foram nitidamente identificadas as necessidades de melhorias. Mais do que isso, nós encontramos dois dissídios coletivos que não foram cumpridos em relação, por exemplo, aos nossos agentes de fiscalização. Isso é importante até para caracterizar como nós assumimos a Empresa, porque há algumas críticas que eventualmente são feitas, e parece que não há toda a informação disponível. Uma das primeiras ações que procuramos caracterizar diz respeito à idéia de valorização do nosso funcionário, e um deles, que é importante nesse processo, é exatamente o nosso agente de fiscalização. Para esse agente, havia dois dissídios que foram feitos pelos Governos anteriores e que não haviam sido cumpridos, e a primeira proposta que fizemos em relação a essa questão foi exatamente tentar por em dia o que não havia sido cumprido. Aliás, está de pé essa proposta que fizemos, estamos esperando que, em algum momento, a gente tenha uma resposta positiva por parte, inclusive, dos próprios agentes.

Segundo aspecto importante que identificamos: uma estrutura na Empresa extremamente verticalizada e segmentada com uma centralização absoluta da alta Direção. Obviamente, não pode ser tudo centralizado, porque fica intratável cuidar de todo esse cenário e sua complexidade. Então, uma das coisas que buscamos fazer, a partir desse diagnóstico, foi exatamente fortalecer a estrutura gerencial da Empresa, para se delegar autoridade para que se fizessem as coisas.

Terceiro aspecto: um gerenciamento reativo pautado por pressões externas. O que nós estamos procurando fazer é reverter isso e trabalhar exatamente antecipando as questões que vão ser colocadas. Inclusive, na Câmara, em relação a isso, nós estamos procurando fazer um trabalho de estruturação, exatamente, para que possamos atender melhor aos Vereadores e as demandas que nos trazem.

Outro aspecto: falta de integração entre as equipes. Cada uma das Diretorias que encontramos lá era uma pequena EPTC, e o que nós estamos fazendo agora é um trabalho de integração entre as Diretorias, porque muitas das ações que fazemos são ações conjuntas, é necessário um trabalho conjunto e não um trabalho isolado, que muitas vezes leva a uma duplicação do trabalho. Um outro aspecto que também identificamos era o recolhimento de demandas reativo e não-gerenciado. A EPTC recebe hoje, senhores e senhoras, cerca de sete mil solicitações por mês, vou repetir, sete mil solicitações por mês: é a sinaleira, é uma faixa de segurança, é a parada do ônibus, etc. Então, como essas demandas todas entravam de uma forma não sistematizada, não havia uma triagem, obviamente isso inviabiliza qualquer operação razoável da Empresa. O que nós estamos fazendo, a partir disso, é exatamente melhorar e qualificar a ordenação das demandas que nos chegam.

Outros aspectos: sistemas de informações não integrados, o que não facilitava o conhecimento do que estava acontecendo; necessidade de um salto de inovação tecnológica; restrições financeiras, vou mostrar os números que nós recebemos da Secretaria. E aí há um paradoxo que eu acho que é importante também, que tem a ver com a própria estrutura e com as discussões que estamos fazendo agora nesta Semana Nacional de Trânsito. Nós temos, por exemplo, um certo paradoxo em relação à forma como é financiada a Empresa. Há a educação para o trânsito, no sentido de evitar que as pessoas cometam infrações, mas uma boa parte da receita da Empresa é financiada por multa: cerca de 60% da receita da EPTC advém das multas. Então, o que nós temos que fazer, obviamente? Infelizmente, as pessoas continuam cometendo infrações, isso acontece, mas o nosso trabalho fundamental é evitar que essas infrações aconteçam. Esse paradoxo é intrínseco à própria existência da Empresa, coisa que, com o passar do tempo, nós obviamente teremos que trabalhar.

A questão do transporte da Região Metropolitana, que entra na nossa Cidade e tem como terminal o Centro da nossa Cidade - essa gestão não é nossa, é da Metroplan -, acaba-se gerando alguns problemas que, a partir desse diagnóstico, nos levam exatamente a estabelecer uma parceria muito mais próxima com a Metroplan, coisa que estamos fazendo. Eu diria que, hoje, essa relação, essa parceria é extremamente positiva e deixa-nos bastante otimistas em relação a soluções que nós precisamos dar para a questão daquele número extremamente elevado, cerca de 33 mil viagens por ônibus/dia, que chegam e saem do Centro da nossa Cidade.

Outro aspecto, ainda do diagnóstico de gestão, EPTC e Secretaria Municipal de Transportes: na realidade, nós encontramos uma situação em que a EPTC, que é o braço operacional, ficou muito grande em relação àquela função mais intelectual, mais de planejamento que deveria estar centrada na Secretaria. Nós estamos hoje resgatando a capacidade de planejar, e não apenas ficarmos operando a rotina, o dia-a-dia, os incêndios de curto prazo, os incêndios diários, queremos também preparar a Cidade para os desafios que temos que enfrentar no próximo mês, no próximo ano, na próxima década e, quiçá, nas próximas décadas. Então, nós estamos trabalhando com um grupo de planejamento, com pessoas qualificadas que vão nos permitir planejar, deter os dados, transformá-los em informações, para que possamos antecipar os problemas, que serão inevitáveis, se nada for feito em relação ao futuro da nossa Cidade.

E o último item que eu acho que é extremamente importante também é sobre a imagem do agente de fiscalização, que, em última análise, representa a imagem da própria Empresa, a EPTC. Nós encontramos uma imagem do agente extremamente desgastada, extremamente desgastada! Uma visão de conflito, a sociedade via o agente como alguém que era, entre aspas, contra ela, arrecadador, etc. Embora não o fosse - pois a gente começa a ver os números, a conhecer melhor a estrutura de funcionamento da Empresa -, a imagem precisava ser resgatada, e isso nós procuramos fazer desde o primeiro dia em que assumimos. Inclusive aconteceu algo, e eu me permito, Vereador, relatar aqui, porque acho que é extremamente interessante. Um jornalista de um órgão importante da imprensa aqui da nossa Cidade queria saber como era o dia-a-dia de um agente de fiscalização. Nós propusemos, imediatamente, de maneira muito simples, que ele colocasse o uniforme e descobrisse por si mesmo, em vez de fazermos o relato. E isso redundou numa imagem extremamente positiva, mostrando o cotidiano e a realidade do agente de fiscalização. Obviamente, isso resultou em um processo de resgate da imagem do agente, porque ele é a autoridade que representa o Estado quando os conflitos e as infrações ocorrem. É extremamente importante que ele tenha uma imagem que seja positiva por parte da nossa população.

A próxima imagem, por favor. (Projeção de imagens.) A situação financeira da EPTC: primeiro, encontramos um déficit acumulado na ordem de 16 bilhões de reais, coisa que foi uma surpresa, nós não dispúnhamos de todos esses números antes, um déficit operacional anual de 2,8 milhões de reais. Ou seja, cada ano o balanço da EPTC estava fechando em 2,8 milhões negativos. Nós gostaríamos neste ano de zerar ou reduzir substancialmente esses números, particularmente do déficit operacional. Infelizmente, ficaram alguns débitos do Governo passado, basicamente de fornecedores que deveriam ter sido pagos no ano passado, mas o pagamento ficou para este ano. Então, além de gerenciar o nosso ano, tivemos de gerenciar algum resquício da Administração anterior, basicamente em relação a fornecedores que não foram pagos a tempo.Os gastos de custeio são da ordem de 3,3 milhões, e temos também uma dotação orçamentária da ordem de 5 milhões para 2005, que é o orçamento da Secretaria.

Como eu havia mencionado, a demanda que chega diariamente à EPTC é extremamente elevada. Estamos falando de aproximadamente sete mil solicitações por mês que entram por canais diferentes na Empresa, quer seja pelo 118, que é o número direto, através do qual a população pode fazer denúncias, pedir serviços, etc, ou através da relação com a comunidade. Nós temos uma assessoria extremamente atuante para tratar de questões pontuais, para que cheguem identificadas para nós. E temos as demandas desta Casa. Temos uma assessoria especial para melhorar essa relação. Eu sei que às vezes somos criticados por uma falha ou outra. Então, antecipadamente, peço desculpas se não conseguimos atender alguma solicitação ou deixamos na fila alguns dos senhores. Mas podem ter certeza de que isso é o resultado do volume de trabalho que estamos tendo. Realmente, peço desculpas, caso tenha cometido alguma falha nesse aspecto. Mas esta Casa pode ter certeza de que a ordem que temos na Secretaria é de atender prioritariamente as questões. Obviamente, com sete mil pedidos por mês, precisamos priorizar alguns atendimentos, até porque temos uma capacidade limitada. Contamos, inclusive, com o apoio e as informações prestadas por esta Casa.

Nós temos uma missão e estamos procurando imprimir à Secretaria e à Empresa um conjunto de técnicas de gestão, coisas que acontecem nas empresas públicas de ponta. A Carris, por exemplo, é uma empresa que tem processos de qualidade, tem prêmio de qualidade, e acontece também no setor privado. Nós estamos procurando impor um sistema gerencial baseado em técnicas que nos permitam atuar da forma mais eficiente possível, para isso definimos uma missão que procuramos cumprir, que é basicamente consolidar a Cidade como referência em mobilidade, para propiciar um ambiente favorável ao desenvolvimento social e econômico sustentável, qualificando a acessibilidade, o transporte e a circulação por meio de uma gestão eficiente, dinâmica, transparente e integradora, em sintonia com as necessidades da nossa população. Isso é importante, porque é uma meta que os funcionários e colaboradores da Empresa e da Secretaria devem perseguir.

Como filosofia de gestão, temos buscado, fundamentalmente, num trabalho integrado e com foco, a valorização dos nossos funcionários, a hierarquia, que é algo extremamente importante em qualquer instituição, a transparência. Tudo o que fazemos, inclusive os dados que citei aqui, estão registrados na página da EPTC, e sempre assim vamos fazê-lo, não há números a esconder porque não há necessidade para tanto.

Quanto ao profissionalismo: a idéia é de que sejamos eficientes e justifiquemos os salários que recebemos, numa postura de solucionadores de problemas e não de dificultadores, numa busca permanente de inovação, de melhoria contínua de um sistema de gestão que seja eficiente e eficaz.

Eu apresento rapidamente um mapa estratégico das nossas ações. O Governo do Prefeito Fogaça está baseado num modelo de gestão de ferramentas sofisticadas, qualificadas, para que se possa fazer uma gestão eficiente da Prefeitura no seu todo. E alinhados com essa diretriz, com essa orientação, buscamos também estabelecer o nosso mapa estratégico interno. Basicamente temos uma visão, que é a consolidação da EPTC e da área, da Cidade como uma referência em mobilidade, nós temos um conjunto de resultados que esperamos atingir para a sociedade e nós temos um foco de atuação voltado basicamente para a implementação de projetos pró-ativos e diferenciados em termos de mobilidade.

Uma das coisas que acho importante caracterizar, Vereador, na orientação que temos dado para a nossa gestão, é que não podemos ficar presos somente à gestão da rotina e do quotidiano. Nós precisamos avançar, nós precisamos pensar na Cidade indo para frente, precisamos ousar. Essa é a idéia que temos. Um dos aspectos importantes que temos, dentro disso, é a questão da racionalização e a qualificação do sistema de transporte da circulação e a própria circulação. Obviamente, nós temos algumas perdas. E aí eu gostaria de fazer um pequeno parêntese: muitas das demandas que nos chegam, por exemplo, de extensões de linhas, as próprias questões das isenções, uma série de questões que dizem respeito ao transporte público, nós as ouvimos, mas, ao mesmo tempo, nós temos que ficar trabalhando com o fato de que qualquer ação que se faça representa um custo. Então, nós precisamos pesar ao mesmo tempo a reivindicação e o custo que isso implica para o sistema. E, em relação a essa monitoração que temos feito, estamos extremamente otimistas e temos feito uma monitoração permanente no sentido de ter um controle das extensões de linhas, da operação dos veículos, para que isso não redunde na necessidade de um aumento tarifário, que lá em fevereiro nós vamos ter que, de alguma forma, nos defrontar.

Desde o primeiro dia que assumimos, nós temos monitorado, estamos acompanhando, fazendo intervenções no sentido de saber qual vai ser a repercussão disso em termos de tarifa lá na frente. Nós temos em Porto Alegre, assim como em grande parte das cidades brasileiras, um grande paradoxo: pessoas com pouca capacidade de pagamento e um custo a ser coberto. As isenções, que também são importantes, representam um custo para quem paga, e, em última análise, é o próprio trabalhador que subsidia as demais tarifas. Em função dessas questões todas, nós estamos permanentemente monitorando, acompanhando, para não sermos surpreendidos quando chegar fevereiro.

A próxima imagem, por favor. (Projeção de imagens.) Alguns dos Projetos que nós temos já estão num bom estágio de estruturação, eles dizem respeito à mobilidade. O primeiro deles é a qualificação dos corredores, dos terminais e das paradas do transporte público. Nós temos aqui, de novo, algumas questões que às vezes são bastante diferenciadas. Por um lado, temos alguns corredores extremamente bem equipados, com paradas adequadas, etc, mas temos algumas paradas, particularmente na periferia da Cidade, que se resumem a uma plaquinha pendurada num poste. O que estamos buscando é exatamente melhorar, inclusive instalando - mesmo que sejam modestos - terminais, paradas adequadas que protejam das intempéries, que dêem um mínimo de qualidade para todos os cidadãos ao longo de toda a nossa Cidade. Além disso, hoje os corredores de ônibus estão precisando de uma atualizada, de uma requalificação estrutural, pois foram feitos no final da década de 70, início da década de 80, e já se passaram quase trinta anos. Estamos trabalhando bastante em relação a isso.

Quanto à idéia do Plano Diretor Setorial de Circulação e Transportes, estamos trabalhando e vamos estar mais intensamente trabalhando nisso.

Estamos num estágio extremamente avançado na questão da bilhetagem eletrônica e, se Deus quiser, dentro de mais algumas semanas, ou duas semanas, estaremos em plenas condições de assinar os contratos de um empréstimo que foi feito pelo BNDES às empresas operadoras - no caso, a ATP, o conjunto das empresas operadoras do sistema em Porto Alegre. Foi um empréstimo aprovado, na ordem de 21 milhões de reais, faz parte de um pacote mais amplo de 32 milhões. Esses 21 milhões, então, é o valor do empréstimo que vai ser feito às empresas, que terão uma contrapartida, ainda, de 5 milhões, que eles vão estar aportando, e mais 6 milhões, valor que vai entrar na parte final, são os bilhetes propriamente ditos. Com a bilhetagem eletrônica, nós vamos poder jogar o sistema de transporte público da nossa Cidade para um outro patamar, porque isso vai permitir que as pessoas, com o mesmo bilhete, façam integrações, ou seja, elas poderão sair de um ônibus e utilizar outro. Em cidades que já dispõem desse instrumento de gestão de transporte público, nós podemos observar o salto de qualidade que isso significou. Esse era um projeto que já vinha sendo tocado ao longo dos anos, e a nossa ação específica foi no sentido de ir ao BNDES e mostrar, de forma decisiva - o Secretário de Gestão, Clóvis Magalhães, e nós, da EPTC, fomos ao BNDES -, de forma inequívoca, que estávamos dando suporte a esse projeto, que havia sido abandonado lá no BNDES. Então, graças a essa ação que tivemos, o empréstimo foi aprovado. E insisto: dentro de duas ou três semanas, no máximo, deve estar acontecendo a assinatura do contrato de empréstimos.

Ações para pedestres: qualificação de calçadas e passeios. Estamos finalizando os projetos e indo além, estamos buscando recursos, novos recursos, para que a gente consiga qualificar as calçadas, para que possamos qualificar os passeios, fundamentalmente com vistas a garantir que os pedestres tenham um tratamento adequado.

Vereadores e Vereadoras, o desafio que nós temos na EPTC é muito grande. Primeiro, temos que melhorar algo que, de alguma forma, já vem sendo feito bem. E vem sendo bem feito não só pelo do Governo anterior, nem do outro, nem do outro: Porto Alegre vem acumulando conhecimento e know-how na área de transportes há muito tempo, perpassando provavelmente todos os Governos a partir da década de 70, senão antes. Então, o grande desafio que nós encontramos é estar à altura da história que foi construída, que não começou nem um, nem dois, nem três, nem quatro Governos atrás, ela é fruto de uma seqüência de melhorias contínuas e de qualificação permanente que vieram acontecendo na nossa Cidade, a ponto de ela ser referência não só nacional, mas também internacional em relação ao que aqui fazemos.

A mobilidade e acessibilidade no Centro da Cidade fazem parte do projeto estratégico do Governo do Prefeito Fogaça, que é de qualificação do Centro e resgate da sua capacidade de atração de pessoas de forma qualificada. Dentro dessas ações, a EPTC tem um papel extremamente importante, quer seja qualificando o acesso das pessoas que chegam através do transporte público, quer seja qualificando e permitindo o acesso também de veículos, de automóveis. Obviamente, nós temos insistido muito nisso. Por quê? Porque reputamos que parte da degradação que o Centro da Cidade foi sofrendo ocorreu por essa espécie de falta de oxigenação do Centro. Então, nós precisamos devolver a capacidade de as pessoas chegarem da forma que melhor lhes aprouver ao Centro da Cidade.

Obviamente, essa abertura das vias não pode ser feita de qualquer forma, ela precisa seguir um formato, uma estratégia, ela tem que ser sistemática, com velocidades compatíveis, da ordem de 30km/h, 20km/h, mas isso precisa ser feito, e muito brevemente esperamos poder estar anunciando as primeiras medidas nessa área. Além disso, nós pensamos também na qualificação de calçadas, passeios e integração com os fluxos viários, através do que chamamos traffic calming, que é a qualificação urbanística da Cidade, forçando a que os veículos utilizem aquela área da Cidade em velocidades razoáveis e compatíveis.

Questões da ordem de regulação do transporte, segurança viária, controle da poluição ambiental. Educação no trânsito: eu acho que aqui há uma questão muito importante e também aproveito a oportunidade que está me sendo posta de estar aqui com os senhores para lembrá-los: educação no trânsito é um dos três pilares fundamentais para tratar das questões de trânsito. Se só cuidarmos da educação, o resultado vai ser pífio. Se só cuidarmos da fiscalização, o resultado será pífio. Se só cuidarmos da engenharia, ele também o será. Nós precisamos deste tripé: fiscalização, educação e engenharia; os três, simultaneamente, na mesma ordem de intensidade. Parte das críticas que são feitas, quando se discutem as questões de trânsito, é porque as pessoas colocam o foco em uma delas. As três necessitam ser atacadas. É essa é a estrutura que nós temos perseguido. Só que agora, por exemplo, nós estamos dando ênfase à educação, porque era a que menos havia em termos de estrutura dentro da Secretaria. Dentro dos nossos projetos, estamos montando uma equipe qualificada para atender a essas questões todas.

A fiscalização dos transportes não-motorizados, integração das comunicações de radiofreqüência com a Guarda Municipal e com a Brigada Militar, prestação de serviços para a iniciativa privada - hoje a EPTC presta muitos serviços - logística para empreendimentos e valorização do solo. O Prefeito Fogaça tem nos orientado, e assim nós temos feito: não somos dificultadores ou criadores de problemas, nós somos facilitadores, quer seja para o crescimento da Cidade, quer seja para a solução dos problemas que nos chegam.

Quanto ao Projeto Vou à Escola, um projeto para o qual havia a destinação de recurso, mas discriminava a fonte, hoje nós estamos trabalhando para garantir a origem dos recursos. Foi um projeto que herdamos, que é extremamente importante, tem uma função social importante, só que não havia de onde sair o recurso. Hoje estamos providenciando para que os recursos estejam disponíveis, para que a gente possa, efetivamente, cumprir esse papel social.

Finalmente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, nós estamos agora trabalhando com o que nós chamamos de o grande pacto de mobilidade e, aproveitando esta Semana Nacional do Trânsito, aproveitando essa possibilidade de a EPTC se fazer representar nesta Casa, queremos anunciar que já estamos iniciando, preparando isso. E estarei, então, formalizando essa nossa intenção de, dentro de um espaço muito curto de tempo, iniciarmos uma grande movimentação, uma grande mobilização na nossa Cidade, envolvendo todos os órgãos de imprensa, todas as instituições, as federações, os órgãos de base e assim por diante - todas as instituições -, no sentido de se prover um grande esforço para reduzir os acidentes na nossa Cidade. É impossível que continuemos com esses números, senhores. Eu não vou, nós não vamos ficar satisfeitos enquanto eles estiverem acontecendo, e pode ser um acidente. E, quando a gente se dá conta de que uma parte substancial dos acidentes com mortes, 60 de 105, são atropelamentos...nós não podemos descansar enquanto isso não estiver resolvido.

Eu estou antecipando uma iniciativa que não é apenas da Secretaria, não é apenas da EPTC, mas do Governo em seu todo, no sentido de trabalharmos um grande pacto. Se Brasília fez, se Ijuí fez, se Boa Vista fez, eu não consigo entender por que nós, porto-alegrenses, não o faríamos. Eu gostaria de agradecer ao Ver. Elói e a todos os Vereadores a oportunidade de estar nesta Casa. Obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos cumprimentar o Secretário Luiz Afonso Senna pela exposição que fez.

Esta matéria está regrada na Seção VII do Regimento Interno, então, no caso em tela, após a exposição da autoridade municipal, serão concedidos cinco minutos para cada Vereador, até o máximo de dez Vereadores. Já vejo vários pedidos.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, meu caro Secretário Luiz Afonso Senna, eu sou um dos que engrossam as sete mil demandas, mas, se eu as engrosso, é porque esse é um problema grave da nossa Cidade. Sou um dos demandantes permanentes, diários e sou também um pouco queixoso, porque, para que a nossa atividade parlamentar tenha êxito, precisamos de respostas. Inclusive eu precisaria de algumas respostas. Convidei a EPTC porque vou realizar o I Ciclo de Mobilidade Urbana, agora, na sexta-feira, aqui na Casa. Com relação aos dados apresentados, solicitaria que V. Exª, se pudesse, fornecesse aos Vereadores uma cópia da sua apresentação, em disquete ou por e-mail, a fim de que possamos trabalhar essas questões.

Tenho algumas preocupações, Secretário Senna, sobre o funcionamento da nossa EPTC, inclusive sobre o número 118. A bem da verdade, ontem eu utilizei o 118, e ele funcionou, mas não é sempre assim. Pelo contrário, o 118 tem muitos problemas, os cidadãos têm escrito - passo esses e-mail­s para V. Sa., que sabe disso - muitas queixas. Ontem eu acionei o 118 - e aproveito para parabenizar V. Sª pela colocação de estacionamento no Acampamento Farroupilha -, pois a forma como foi colocado o estacionamento não condiz com uma empresa de trânsito. Ontem simplesmente todo o trânsito aqui na entrada para o Acampamento Farroupilha ficou atravancado, porque foi instalado, bem numa ponta, o guichê de cobrança, impedindo a entrada das pessoas aqui na Câmara, pois tinham alguma atividade; e outras pessoas entravam no Acampamento por essa rua aqui. São coisas pequenas, os senhores têm que atentar para as pequenas coisas, pois são simbólicas.

Temos problemas em algumas regiões com relação ao transporte. Vossa Senhoria sabe dos problemas que estamos enfrentando no bairro Restinga. Não vou aqui entrar no balanço sobre o que está sendo feito, mas estou querendo cobrar uma resposta mais imediata do problema dos atrasos de ônibus. Não está funcionando o esquema de recolhimento e transbordo no final da linha. Além disso, eu tenho cobrado sistematicamente no sentido de que toda a população da entrada da Restinga, da Av. Edgar Pires de Castro até a Av. Juca Batista, são grandes conglomerados novos que estão ali, não consegue pegar ônibus de manhã, e isso não tem tido um retorno.

Outra questão sobre a qual eu já lhe mandei e-mails algumas vezes, hoje mandei novamente, é a situação dos ônibus do Morro Santa Tereza. Há atrasos nas linhas, ônibus lotados, horários não cumpridos, além do problema de insegurança, assunto que já tratei com o Comando de Policiamento da Capital hoje. Vossa Senhoria vai ver, no e-mail que lhe mandei, uma carta longa de uma pessoa que dá detalhes extremamente importantes para V. Sª poder trabalhar.

Finalmente, eu queria falar do Centro: nós temos um problema de acessibilidade no Centro, o qual V. Sª tem de tratar com outras Secretarias também. Hoje a Av. Voluntários da Pátria está intransitável. É uma ação que deve ser feita com a SMIC e com a EPTC; como eu fiz quando era Secretário na época. O leito da rua está tomado por bancas de camelô. E não é V. Sª sozinho que vai resolver; V. Sª deve ter uma forma de integração com as outras Secretarias. E o centro dos grandes problemas - achei que o Secretário fosse até tratar desse tema - é como enfrentar a mobilidade urbana no Centro, esse trabalho não deve ser feito apenas por uma Secretaria; em relação a algumas coisas no Centro, têm de entrar a Secretaria de Segurança e Direitos Humanos, a SMIC e a sua Secretaria.

Então eu queria pedir, em última instância, que V. Sª desse uma atenção especialíssima para nós, Vereadores, porque, se nós demandamos, é porque nós também somos demandados pelas comunidades, e os seus retornos não têm sido pontuais. Vou ser sincero com V. Sª, como tenho sido sincero com todos os Secretários aqui, porque esta é a forma que eu costumo trabalhar: com transparência. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra.

 

O SR. RAUL CARRION: Exmo. Secretário Luiz Afonso Santos Senna, em primeiro lugar, gostaria de saudar a sua presença e dizer que para nós é muito importante esse tema.

Eu participo do Comitê Técnico do Conselho das Cidades, que trata exatamente sobre trânsito, transporte e mobilidade urbana; além de ser Presidente, pela terceira vez, da CUTHAB, a Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação. Em cima disso, nós temos necessariamente que nos preocupar, e há questão de duas semanas tivemos V. Sª presente na nossa Comissão, tratando do problema da Restinga.

Primeira questão: queria fazer com que fosse trocado o nome do Terminal Triângulo para Terminal Barbosa Lima Sobrinho, que é a denominação que esta Casa deu. Até para que a gente possa fazer uma inauguração que esse insigne brasileiro merece, com a sua presença e a do Sr. Prefeito, que fique consagrado para a Cidade o nome desse grande nacionalista.

Eu queria trazer também as seguintes preocupações: no Conselho das Cidades, nós temos trabalhado muito essa questão do transporte coletivo versus transporte individual. De 30 milhões de veículos no Brasil, Ver. Dib, 25 milhões são automóveis, e 115 mil são ônibus. Imagine a deseconomia, em termos de gasto de combustível - calculado já -, a poluição, o congestionamento da Cidade. Então, toda a política do Ministério das Cidades é no sentido de aumentar o transporte coletivo e, paulatinamente, reduzir o transporte individual para a necessidade. Agora, preocupa-me a sua colocação de que um dos problemas do Centro de Porto Alegre é a necessidade de oxigenar mais para os automóveis. Nós acabamos de aprovar, nos dias 14 e 15, um anteprojeto de mobilidade urbana, em que o centro é a mobilidade da pessoa e não do veículo. Então, na verdade, se nós trabalharmos com essa lógica, Secretário, nós vamos criar um congestionamento no Centro da Cidade, uma inviabilidade no Centro da cidade de Porto Alegre, que, até pelas suas características, é todo concentrado. Preocupa-me isso, eu acho que não é por aí a saída. Nós temos que qualificar o transporte coletivo.

Uma outra questão: como está encaminhada a questão da Av. Salgado Filho? Já discutimos diversas vezes essa questão. Tudo bem, sei que são os primeiros meses, mas nós já temos nove meses de Governo. Nós precisamos, digamos, de alguma indicação, e ela não existe.

E a questão da integração: como V. Sª diz, era uma questão que vinha caminhando, os empréstimos estavam encaminhados, a Estação Barbosa Lima Sobrinho é, digamos, a estrutura física para toda a Região Norte, para a Linha Rápida inclusive. Também vem do Governo Olívio esse projeto, assim como o anterior também vem do Governo da Frente Popular. E é hora! Além do empréstimo, como estão sendo feitos os encaminhamentos?

A questão do transporte na Restinga: tivemos uma reunião na qual se decidiu encaminhar, em primeiro lugar, uma tentativa de negociação - há uma contradição dentro da comunidade - e ajustes no sistema. Houve algum passo? A comunidade nos procurou de novo dizendo que não há nenhuma novidade, que não houve reunião com a Secretaria para tratar disso.

Outra questão: o custo tarifário. Nós sabemos que o custo tarifário é elevado. Não é um problema só de Porto Alegre. Estamos trabalhando lá para diminuir o custo do diesel, mas uma das questões é que seja um trabalho integrado entre Governo Federal, Governo Estadual, Governo Municipal. Por exemplo, no Governo Municipal, nós temos a taxa de administração, que é considerada um pouco elevada, e não é deste Governo. Existe possibilidade de alterarmos aqui o ISSQN? Em suma, como é que a gente poderia, em nível de Município, avançar nesse terreno?

Para concluir, quero a sua apreciação final para a questão da multimodalidade. Nós temos um transporte basicamente rodoviário, basicamente sobre pneus. Que perspectivas há em relação ao metrô em Porto Alegre? Que perspectivas há em relação ao transporte hidroviário? Nós temos o estuário do Guaíba, com a possibilidade do transporte para Guaíba, para a Zona Sul.

São questões que V. Sª poderá, na sua intervenção final, nos esclarecer melhor. Encerro, desejando que V. Sª consiga fazer um trabalho, e estaremos aqui fiscalizando. Entendemos que não se trata de uma solução tecnocrata, o que nós precisamos é juntar a política com os técnicos. Às vezes, preocupa-me um certo ranço tecnocrático que sinto ultimamente. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, meu caro Secretário de Mobilidade Urbana, Dr. Luiz Afonso Senna, um dos Vereadores que me antecedeu solicitou cópia do pronunciamento de Vossa Senhoria, e eu gostaria de ter uma, porque algumas coisas me deixaram preocupado; no correr da sua palestra, foi difícil parar para analisá-las.

Eu vi, por exemplo, que temos um milhão de passageiros por dia, eu vi que nós temos uma reprovação na vistoria de 10%, mais ou menos, do transporte público, o que é impressionante e me deixa com muitas dúvidas. Eu ouvi que nós temos um IPK de 2,15 passageiros por quilômetro, informação que me faz pensar e me leva a querer estudar melhor o problema, porque penso que muita gente não paga o transporte coletivo, e eu quero saber quanta gente não paga, por que não pagam e que amparo legal têm para não pagar.

Já que estamos em plena Semana de Trânsito, eu gostaria de lembrar algo que eu já lhe falei e que é de grande interesse para a Prefeitura, porque eu fiz a experiência e sei que funciona: as faixas de segurança com blocos de concreto pretos e brancos. Pena que a SMOV, do Dr. Estilac Xavier, asfaltou uma faixa onde eu havia colocado os blocos para ver o quanto duravam, como é que funcionariam. Mas eu posso dizer que aquela faixa funcionou por quase dez anos em perfeitas condições, com um custo inicial talvez um pouco mais alto que as faixas de segurança, mas podendo, inclusive, ser deslocada quando necessário. Acho que a Secretaria de Mobilidade Urbana pode continuar esse estudo, acho extremamente importantes os blocos de concreto pretos e brancos. Esses blocos funcionam bem, basta ver aqui na Rua Sepé Tiaraju, que está pavimentada com esses blocos há trinta anos, e não há problemas.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Secretário Senna, seja muito bem-vindo a esta Casa. Eu tenho rápidas perguntas: como é que ficam as solicitações relativas ao Governo anterior que não foram atendidas? Sobre a Av. Salgado Filho, gostaríamos de ouvi-lo a respeito. Também há um pedido meu, de mais de cinco anos, sobre uma rótula lá na Rua dos Maias esquina com a Rua Eduardo Nadruz. E, nesta semana, estive na Morada da Hípica, lá no bairro Hípica, onde há uma linha alimentadora de transporte público com raros horários, e eles estão pedindo, como a vila cresceu muito, a chance de alguns horários do transporte diretos para o Centro. Era só isso, Sr. Secretário.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Secretário Luiz Afonso Senna, nossos cumprimentos; Presidente Elói Guimarães. Eu não vou repetir as perguntas que já foram feitas aqui, mas vou fazer uma série de outros questionamentos.

Eu queria fazer um registro aqui de que, das sete mil solicitações acumuladas, uma é minha, um Pedido de Providências - e confesso que já falei com V. Sª pessoalmente, por telefone, duas vezes - sobre a colocação de um semáforo na Rua Mariano de Matos com a Av. Moab Caldas, e me foi dado retorno, por sua assessoria, de que há previsão e de que aguardam a contagem, não sabendo quando será feita, ficando para depois o exame da matéria. Eu confesso que, pelos perigos que envolvem os pedestres e pelo trânsito naquele local, é uma resposta um pouco aquém, eu creio, devido à importância que deve ser dada ao assunto. Então, eu peço que V. Sª reconsidere esse ponto.

Mas vou, pontualmente, agora fazer outras questões. Há um Projeto aqui de nossa autoria que prevê a instituição do uso obrigatório do máximo existente no mercado em biodiesel. Parece-me ser um Projeto que dialoga e vai ao encontro, inclusive, daquilo que o nosso Prefeito foi buscar nessa última viagem, que são alternativas para a melhoria da qualidade do ar; é sabido que o diesel é um dos grandes responsáveis pela degradação da qualidade do ar. Gostaria de saber qual é a visão da EPTC e se nós vamos ter apoio também do Governo para instituir e antecipar aqui o uso do biodiesel como um combustível renovável e não-poluente.

A segunda questão é sobre a abertura das ruas do Centro: como é que isso fica? Essa questão já foi muito debatida durante a campanha. Terceira questão: qual é a política da EPTC para as carroças? Na idéia de ter de conciliar, de um lado, as necessidades de sobrevivência dos carroceiros, porque são pessoas que daí extraem renda e geram atividade econômica, e, de outro, como compatibilizar para que o trânsito tenha as melhores condições de funcionamento. Quarta questão: até hoje na EPTC, se 60% dos ingressos são provenientes de multa, como a EPTC pretende substituir esses ingressos de multas? De onde serão provenientes esses recursos que darão sustentabilidade à Secretaria? Quinta questão: quanto à questão de tarifa, pergunto: quem deve decidir é a Câmara de Vereadores - e há um Projeto de iniciativa do Ver. Sebastião Melo propondo que as tarifas venham a ser decididas pela Câmara - ou isso deve ser uma decisão da alçada do Poder Executivo? É uma questão não pouco importante.

E, sobre a questão das isenções, queremos saber qual é a política, porque há Projetos aqui propondo novas isenções. Outra questão: a transformação dos pardais em lombadas eletrônicas, também anunciada e foi bandeira de propaganda da campanha eleitoral do candidato vencedor, hoje Prefeito José Fogaça, como é que fica? E última é a questão da nova Rodoviária, um assunto que está há muito tempo em discussão, mas que é uma demanda que se coloca aí como uma exigência da Cidade, é para o seu futuro. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra.

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Eu queria, além de mandar o meu abraço ao nosso Dr. Luiz Afonso Senna, pelo belíssimo trabalho que faz na EPTC, falar de uma matéria puntiforme, sobre a qual tenho conversado, inclusive, com o Dr. Wilmar Govinatzki, que é a questão dos motobóis.

Nós estamos com um Projeto aqui regulamentando a prestação de serviços dos motobóis na cidade de Porto Alegre, tendo em vista a informação de que, nos dois últimos anos, houve um acréscimo de 82% na mortalidade em acidentes causados por motocicletas no Rio Grande do Sul, e Porto Alegre não fica atrás. Realmente, nós temos tido uma incidência altíssima, trágica e constrangedora, inclusive socialmente. Por isso, Sr. Presidente, o meu pedido em relação a esse Projeto é de que a EPTC contribua diretamente, participando não só na área burocrática, mas na área intelectual do Projeto, inclusive com emendas, fazendo com que nós tenhamos, muito próximo à perfeição, a regulamentação de um serviço que é precioso, que tem economia, que fornece empregos, mas que, por um outro lado, mesmo com todos esses argumentos econômicos, é tão trágico na cidade de Porto Alegre.

Mais ainda: pediria que a EPTC ou se estruturasse ou terceirizasse para contribuir nesse processo no que diz respeito ao aspecto burocrático, às questões de contencioso, de protocolos, inclusive de fiscalização, que incluem uma burocracia ampla, com certidões, carteiras, registros e conferências, que passam por um fenômeno de criação de um processo burocrático. Essa ajuda seria preciosa se tivéssemos como resultado final a diminuição da morbimortalidade que ocorre pelos acidentes com motocicletas em Porto Alegre, entre elas, especialmente, a proibição da mototáxi, fator de duplicação desse tipo de estatística nefasta e triste na Cidade.

Agradeço muito a sua presença e a sua inclusão nesse Projeto. Estendo os meus agradecimentos ao Dr. Vilmar Govinatzki, que tem sido um precioso auxiliar nesse trabalho, estando quase que diariamente aqui na Câmara, tentando nos ajudar. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Luiz Braz está com a palavra.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sr. Senna, Secretário; é uma satisfação recebê-lo aqui na Câmara, porque sabemos da sua capacidade e da sua competência para exercer as funções lá na EPTC. Há alguns detalhes que nós realmente gostaríamos de saber, aproveitando a sua vinda aqui à nossa Câmara.

Nós sabemos que, na região central, algumas modificações vão ser realizadas, e a própria SMIC já trabalha com a idéia de fazer com que os camelôs liberem aquelas ruas centrais da Cidade. Sabemos também que há, por parte da Secretaria, um trabalho conjunto com a SMIC para que se trace um plano, a fim de que se volte realmente a ter alguma circulação de automóveis na região central da Cidade. Eu perguntaria se já existe algum estudo a esse respeito, o que a Secretaria pretende fazer a respeito da devolução do Centro para a nossa sociedade e, principalmente, para os automóveis em alguma das suas regiões.

E também tenho uma curiosidade a respeito da bilhetagem eletrônica. Nós sabemos que, com a bilhetagem eletrônica, vão se abrir algumas possibilidades de se entregar para a população algum serviço que anteriormente se tinha dificuldade para fazer por causa do controle. É o caso, por exemplo, dos mais idosos. Hoje se tem uma dificuldade maior para se estabelecer um controle e, inclusive, uma dificuldade maior também para que eles possam exercer os seus direitos no transporte coletivo. Eu pergunto: quais são os serviços, os planos que a EPTC tem para, logo após a bilhetagem eletrônica, discutir com as empresas de transporte coletivo a fim de que a população, realmente, possa receber benefícios por parte dessa modificação que está sendo introduzida no nosso sistema de transporte?

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Paulo Odone está com a palavra.

 

O SR. PAULO ODONE: Sr. Presidente, quero cumprimentar o nosso Secretário Luiz Afonso Senna pela objetividade e pela modernidade com que tratou esse tema tão complexo; a qualidade de vida em Porto Alegre depende do êxito da execução desses planos.

Vários Vereadores se manifestaram, e eu também sou companheiro de Partido do nosso Prefeito. Eu tenho a sensibilidade de ver quais são as demandas que chegam aos Vereadores, e V. Sª ouviu aqui algumas. É evidente que eu gostaria muito de ver respondido pelo nobre Secretário o que está fazendo para atender àqueles compromissos de campanha que assumimos, como a questão da integração do Centro, de devolver vida ao nosso Centro; isso passaria pelo remanejo do transporte público e privado aqui no nosso interior. Mas há também o processo de integração ao nosso rio Guaíba, envolvendo até o Cais do Porto, que, evidentemente, depende também das ações da sua Secretaria e da EPTC, tentando superar essa amargura que a gente vive com esse maldito Muro da Mauá.

Mas o que eu queria lhe passar, além do que foi muito exposto aqui, outras questões: a Rodoviária, a questão de carroças, a questão do transporte fluvial, são questões pequenas, mas importantes para a nossa qualidade de vida.

Nós temos recebido vários Projetos de Lei de iniciativa de Vereadores que são feitos porque são demandados pela população, pedindo, Secretário, coisas que não são muito custosas, mas que Porto Alegre não apresenta. Vossa Senhoria tem ali os tópicos que serão atendidos; está sendo planejada a reformulação dos terminais e das paradas de ônibus, visando a sua melhor qualidade para receber os pedestres. A mesma coisa com relação às calçadas, aos passeios e com relação à sinalização. Eu quero lhe dizer que não foram uma ou duas as iniciativas de Projetos de Lei que, infelizmente, por determinarem questões administrativas à Prefeitura, ao Executivo, apresentam vício de iniciativa da Casa e por isso não podem tramitar, mas o Executivo pode fazer.

Eu cheguei a mandar ao Prefeito um Pedido de Providências, e V. Sª, mais ainda, poderia determinar o enfoque disso, e gostaria que nos falasse. Por exemplo, V. Sª falou: “Terminais, paradas, sinalização, calçadas e passeios”. Quando viajamos, e não precisa ir muito longe para isso, encontramos paradas de ônibus com sinalização simples, dando o trajeto de cada linha e o local onde a pessoa se encontra. Em Porto Alegre não há isso nas paradas de ônibus, e não é difícil ter. Segundo, nos passeios embaixo, não há nada de especial na visualização da sinalização para os deficientes, principalmente para o deficiente visual. Então nós temos em Porto Alegre o deficiente visual sendo atropelado, praticamente porque, assim como chega nos orelhões, nas paradas de ônibus, ele é absolutamente dependente de quem esteja ali, porque não há a mínima sinalização em braile para que possa saber onde está e como faz para tomar o seu próximo ônibus. Essa atenção pode ser tomada, e eu tenho certeza que vai atender a demanda, a iniciativa de vários Srs. Vereadores aqui.

Finalmente, eu vi o seu anúncio do Plano de Mobilidade, e eu quero dizer que este Brasil surpreende a gente. Eu sou um surpreendido positivamente com Brasília. Em Brasília, que foi povoada por candangos, com índices de analfabetismo muito maiores que os nossos, a gente põe o pé fora da calçada, e o trânsito pára para o pedestre atravessar. Toda faixa de preferência é obedecida e respeitada, e pode ser um motorista de táxi, um particular, um oficial ou um carro de transporte. Em Porto Alegre não há educação, não há nenhum esforço no sentido de educar para mudar essa cultura, o que já resolveria metade dos atropelamentos. É da maior urgência, não para fazer marketing, mas uma ação para educar e tentar conscientizar a nossa população.

E a última demanda, que penso ser do interesse de todos, é a respeito de quando os Srs. Vereadores mandam Pedidos de Providências. Sr. Secretário, peça que a Secretaria ou a EPTC, na medida do possível, respondam, mesmo quando não puderem atender, mas respondam dando as razões aos Srs. Vereadores. Dessa forma, o Vereador poderá apelar a uma segunda instância, que será a própria Direção da EPTC, ou, quando for de suma importância, ao próprio Secretário.

Muito obrigado, são pequenas questões, mas importantes e que vão aliviar muito a relação da Casa com a Secretaria e da Casa com a sociedade. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Maria Celeste está com a palavra.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, Sr. Secretário Luiz Afonso Senna, é um prazer estarmos aqui nesta conversa importante para a Cidade.

Primeiro, queria expor algumas questões para que V. Sa. possa nos responder, elas já foram referendadas pelos demais Vereadores, mas vou nominá-las novamente.

Uma diz respeito à bilhetagem eletrônica: qual a posição do Governo e da Secretaria frente a esse projeto? E mais do que isso: qual a alternativa proposta para os trabalhadores que têm a perspectiva de ver seus empregos indo por água abaixo com esse projeto? A segundo questão, e já foi colocada, mas gostaria de reforçar, é sobre a perspectiva da Prefeitura frente ao metrô da Cidade, tão falado discutido na campanha como uma proposta. Qual é o projeto que se tem para isso? Quais são as questões práticas já colocadas no cotidiano da Secretaria para essa questão? A terceira colocação é em relação às carroças, sobretudo no Centro da Cidade. Como é que está se dando a fiscalização, a intervenção da Secretaria junto a esses trabalhadores? A quarta questão sobre a qual gostaria de ouvir seus comentários é como o Governo e a Secretaria vêem a questão das propostas de isenção de tarifa, como Projeto de Lei, já comentado nesta Casa pelos demais Vereadores.

Gostaria também de poder ouvir os seus comentários a respeito da famosa Linha Rápida. Nós estamos - um colegiado de mais ou menos cinco seis Vereadores das diversas Bancadas - em reunião permanente no fórum da Zona Norte, lá no Instituto São Francisco, inclusive com a representação da EPTC, discutindo essa questão fundamental que é o trafego da região, sobretudo por não haver calçadas, sobretudo porque nas escolas os alunos, no horário de saída, não têm calçada para poder transitar, e há um interesse muito forte. Essa comissão de Vereadores esteve com o fórum da região, fomos recebidos pelo Secretário de Habitação do Estado, e há uma proposta junto ao Governador do Estado e à Prefeitura Municipal para que possamos abrir um diálogo frente a uma proposta muito concreta. Então gostaria de saber, também, se a Secretaria já tem conhecimento dessas proposituras e o que pensa a respeito da Linha Rápida, como é que está o Projeto.

Essa questão que o Ver. João Carlos Nedel levanta, em relação aos critérios técnicos, é uma coisa que nos preocupa muito, sobretudo quando fazemos Pedidos de Providências, quando há necessidade de uma análise do local, como, por exemplo, esse caso citado lá da Rua Eduardo Nadruz. É uma região que também tem uma confluência na Zona Norte de Porto Alegre, na Vila Nova Gleba, uma confluência de escolas. Vários Pedidos de Providências foram feitos não só pelo Ver. Nedel, mas por esta Vereadora, pelo risco que tem ali, pelo número de acidentes, inclusive acidentes semanais com as crianças das escolas da Rua Eduardo Nadruz. E o retorno que se tem da EPTC é que não há possibilidade de colocação de sinaleira, porque não há viabilidade técnica. Gostaria de ter uma posição da Secretaria. Quais são os critérios técnicos usados? Porque há um fluxo enorme naquela região, são cinco escolas ali, há uma demanda enorme de passagem dos alunos naquela região, e sempre vem o retorno da Secretaria como questão técnica.

Por fim, Sr. Secretário, nós temos ouvido muito do Prefeito sobre a questão do déficit da Prefeitura, da questão de finanças, V. Sª também colocou um pouco na sua narrativa sobre as dificuldades que a Secretaria tem de orçamento. Nós sabemos que a EPTC é uma autarquia, e gostaria de saber como é que a EPTC está enfrentando essa situação da crise financeira. Há perspectiva de convênios ou empréstimos, negociações, inclusive internacionais, para dar conta de todos esses projetos necessários para a cidade de Porto Alegre? Gostaria de poder ouvi-lo a respeito disso.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Manuela D’Ávila está com a palavra.

 

A SRA. MANUELA D'ÁVILA: Sr. Presidente; Sr. Luiz Afonso Senna, Secretário Municipal de Mobilidade Urbana; eu gostaria de fazer algumas ponderações e algumas perguntas a V. Sª com relação fundamentalmente ao uso do transporte público para transporte escolar, meio-passe escolar, como nós convencionamos chamar.

Há algum tempo, nós debatemos fora da Câmara, em um movimento estudantil - e continua vivo esse debate com relação à bilhetagem eletrônica - como, nesse processo, vai se dar o uso do meio-passe escolar. Por que eu coloco isso? Com o sistema moderno, e respondidas as colocações da Verª Celeste com relação a alternativas de emprego para esses que dependem do funcionamento com catraca convencional, é evidente que nós vamos ter algum tipo de identificação distinta para os passageiros. Como vai ser essa adaptação para os usuários do meio-passe, uma vez que os documentos do meio-passe não são confeccionados pela EPTC? Eles são confeccionados pela Rede do Movimento Estudantil da nossa Cidade, pelos Grêmios, pelos Diretórios Acadêmicos, UMESPA, DCEs.

Outra preocupação que tenho é com relação à questão da integralidade desse direito. Essa é uma lei muito falha, digamos assim; ela é quase uma colcha de retalhos, várias modificações foram sendo feitas, e, na realidade, a maior parte dos critérios foi feita por regulamentações da EPTC, tanto o número de passagens que os estudantes podem usar, como a própria questão dos documentos exigidos para a confecção dessa carteira. Também é assim a convenção social que se criou para esses estudantes não poderem utilizar esse benefício: por serem estudantes e não por estarem indo à escola; esse é o benefício do Programa Vou à Escola, é apenas para o horário escolar, mas a convenção social que se criou é que os estudantes não podem usar esse instrumento em outros horários. Eu fiz um Pedido de Informações para a Secretaria. Há um Projeto de Lei nesse sentido. E preocupa-me porque, uma vez que a própria Administração, da qual o senhor faz parte, abre as escolas aos finais de semana para abrigar esses estudantes, tentando valorizar a escola como instrumento de integração, como esses estudantes chegam às escolas, se não podem utilizar o benefício que têm?

Tenho algumas outras questões. Eu perguntei também, na forma de Pedido de Informações, para a Secretaria, qual é o real uso das verbas, das multas que são direcionadas para a educação no trânsito. O que é essa educação no trânsito? Qual a compreensão que se tem de educar para o trânsito? As propagandas, por exemplo, entram nesses investimentos em educação no trânsito? São questões que eu não tive respondidas. Isso me preocupa, porque sabemos que um dos principais motivos de morte da nossa juventude - é evidente que de uma parte dela, a mais favorecida, que tem condições de dirigir - tem relação direta com o consumo de álcool. E vi no Plano Plurianual a idéia de a Secretaria Municipal da Juventude trabalhar com formas inovadoras, digamos assim, porque a ONG Vida Urgente, por exemplo, já faz um trabalho de buscar os jovens. O investimento para educação no trânsito passa por isso? Quais são os critérios?

Outra questão: V. Sa. colocou que a EPTC, inclusive, vem prestando serviços para a iniciativa privada. Eu gostaria de saber quais são, que tipo de serviços a EPTC vem prestando para a iniciativa privada; gostaria de ter essas informações de uma forma completa. Acho que temos que ter isso claro, porque a EPTC tem como a sua prioridade, eu pelo menos entendo assim, trabalhar para o nosso Município e para a vida pública do nosso Município.

Além disso, eu tenho recebido sistematicamente, e a Verª Margarete Moraes também me colocou isso, reclamações dos moradores do bairro Santa Tereza com relação às linhas de ônibus, com relação à questão dos horários da linha 195, que é a linha TV, os seus horários, a sua regularidade, a questão da falta de segurança.

E, para concluir, só para esclarecer aos demais Vereadores, porque acredito que V. Sa. tem conhecimento, o Programa Vou à Escola já existia e tinha os recursos estabelecidos a partir de um acordo com as empresas de ônibus com relação a um dos dias do passe livre, portanto ele já existia. No início deste ano, nós tivemos alguns problemas com os estudantes, os problemas se aprofundaram no início deste ano, mas foram superados no decorrer da sua administração. Muito obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, colegas Vereadores, querido Secretário e amigo, nossa saudação afetiva e calorosa. Eu quero aqui, Secretário - e são muitas questões -, abordar algumas questões que sorteei aqui. Primeiro, é a da Linha Rápida. Na sexta-feira, eu pedi, juntamente com mais quatro Vereadores desta Casa, uma audiência com o Sr. Prefeito e o Sr. Governador para tratar dessa matéria. Esse é um projeto que dista do início de 90, e, na verdade, só há a parada da Av. Mauá e aquele “elefante branco” da Av. Assis Brasil, que é uma obra que custou 13 milhões e que foi concebida antes de fazer a integração. Então, nós vamos tratar dessa matéria, e até sugeri que, nessa reunião, V. Exª compareça, junto lá com o Prefeito, porque acho que, através dessa parceria, nós podemos avançar a duplicação da Av. Baltazar, porque esse é um projeto de 200 milhões. E o Governo não tem, hoje, condições de fazê-lo na sua inteireza. Mas acho que a duplicação da Av. Baltazar é uma questão urgentíssima, e nós vamos tratar desse assunto.

Uma outra questão, Secretário, refere-se aos lotações. Eu sou autor de um Projeto, o Ver. Pujol de outro, e alguns Vereadores de outros: há muitas localidades que querem ter lotações, e nós precisamos encontrar uma solução. Nós criamos aqui uma lei, que é um terceiro modal, que não é nem lotação nem ônibus, que acabou parando na Justiça. E Belém Novo tem aquela questão que há dez anos vem reivindicando. Na Restinga, a mesma coisa. O Governo tem que encontrar uma solução para termos mais lotações. Não pode ficar essa briga entre ATL e ATP, e o povo querendo lotação. Isso tem de ser resolvido!

Terceiro: as isenções, Secretário. Eu nunca apresentei aqui um projeto de isenção e nem pretendo apresentar. Hoje, se fossem cortadas as isenções, nós poderíamos ter uma passagem de 1 real e 35 centavos, em vez de 1 real e 75 centavos. São isenções e mais isenções, e não há um centavo de dinheiro público na passagem de Porto Alegre. Significa o seguinte: quem “paga o pato” é quem paga no cash, porque, para o isento, a passagem pode custar 10, pode custar 20; para quem tem emprego formal, a mesma coisa. E aí o coitado do desempregado, do camelô, do informal, paga a conta! Por isso, quero dizer que coloquei um Projeto aqui, Ver. Todeschini, que não visa trazer para cá todos os aumentos de passagem, não. Nos últimos dez anos, a passagem subiu 37% acima da inflação. Eu fiz um Projeto que está sob a relatoria do Ver. Nereu, que diz o seguinte: até a inflação, o reajuste não tem que passar pela Câmara; agora, se passar da inflação, tem de ser votado nesta Casa. Se a inflação foi de 10%, e o Prefeito quer dar 12%, o diferencial de 2% tem de passar pela Câmara; não os 10%, que é o IGPM, mas os 2%. Esse Projeto está aí, nós estamos discutindo, e eu acho que ele remonta uma discussão.

Eu pedi uma diligência no Conselho Municipal porque não posso admitir um Conselho Municipal que só trata de aumento. Eu queria saber, por exemplo, quando é que o Conselho Municipal dos Transportes analisou um balanço de uma empresa de ônibus. Eu gostaria que me dissessem qual foi o dia, qual foi a hora. Esse Conselho precisa ser reformulado. Há 24 integrantes, e participam 13, no máximo 14.

A outra questão é sobre os parquímetros, Secretário. Nós estamos aguardando, com urgência urgentíssima, lá na Tristeza, a colocação de parquímetros, pois foi feito o alargamento da Av. Wenceslau Escobar, e o comércio está morrendo, Secretário; aquelas pessoas compraram suas lojas, alugaram, têm funcionários, encargos sociais, e não há onde as pessoas estacionarem para comprar no comércio da Tristeza. É urgente que a Prefeitura coloque parquímetro nas ruas laterais.

Acho importante também reforçar essa questão do “x” da rodoviária. Precisamos encontrar uma solução para essa questão histórica, que eu não sei se é mudar a rodoviária, tenho minhas dúvidas, porque quem usa a rodoviária é o povão, e ele não pode ter uma rodoviária longe do Centro, porque vai ter que pagar táxi nas madrugadas. Vamos ter de encontrar uma solução, se ela tiver que mudar, para que as pessoas possam ter mobilidade da rodoviária para suas residências, para que precisem utilizar somente o modal de táxi, senão fica complicado. Há outras questões, mas fico por aqui. Muito obrigado, Secretário.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino Besson está com a palavra.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores; meu caro Secretário Senna: em nome da Bancada do PDT, queremos saudar a sua vinda aqui hoje.

Vossa Senhoria colocou que encontrou, dentro da própria Secretaria, várias mini-secretarias e que está tentando integrá-las junto com o corpo funcional, acho isso extremamente importante e quero parabenizá-lo por ter se dado conta desse fato.

Quero fazer algumas perguntas: a lei determina que a porcentagem de ônibus adaptados para cadeirantes seja de 10%, e V. Sª colocou que já há 15%, mas parece que não é isso, pelo menos a Verª Neuza colocou que recebemos reclamações da comunidade, e parece que não chegam a 10%. Gostaria que V. Sª esclarecesse isso.

Falei também com a sua assessoria e vou aproveitar para dar mais um toque: na Av. Edgar Pires de Castro, 1001, temos pequenos comerciantes - o Sebastião Melo chamou a atenção - que lutam com muita dificuldade, é essa gente que contribui com os seus impostos, que dá emprego, e lá a EPTC colocou uma placa proibindo estacionar. Eu já fui lá umas três ou quatro vezes, Secretário, não quero tirar a autoridade do técnico que foi lá fazer o levantamento, mas acho que ele se equivocou. Eu acho que não é necessário, pelo fluxo de veículo que há ali, colocar placa proibindo estacionar. “Matou” aqueles comerciantes, “matou”! Há um conjunto habitacional, parece que alguns moradores reclamaram do visual. Mas não há problema, se aqueles moradores reclamaram do visual - pelo amor de Deus! -, então, Porto Alegre está um caos! Então, eu gostaria que V. Sª desse uma olhada lá, há um apelo daqueles comerciantes. Se há problema, vamos colocar uma sinaleira lá. Agora, simplesmente resolver o problema colocando uma placa proibindo estacionar... Isso criou um problema muito sério para aqueles comerciantes.

Bem, o problema das carroças já foi levantado por dois Vereadores. O senhor falou sobre o radar móvel, na sexta-feira, na av. Carlos Gomes, a respeito da velocidade. Eu concordo, só que acho que aí teria condições, por exemplo... Vossa Senhoria colocou que tem como flagrar esse pessoal que anda em alta velocidade. Aí teria que ter uma barreira, após os pardais eletrônicos, para poder parar esses motoristas e multá-los com rigor, pois só flagrando-os...porque eles são multados, e fica por isso. Sabem como é: “filhinho de papai” não dá bola para dez ou doze multas.

Eu estava falando há pouco com o Celso Pitol, ele é o meu contato lá na Secretaria, atende-me muito cordialmente, e, na próxima semana, Secretário - até a pedido do Prefeito, ele já solicitou -, haverá uma reunião com a presença deste Vereador, de V. Sa. e da ATP para discutirmos a respeito das tarifas gratuitas, de nós termos, a cada fim de semana, ônibus gratuitamente. O Prefeito tem muito interesse, ele pediu que V. Sa. também fosse, junto com a ATP, para discutirmos esse Projeto. Eu tinha um Projeto, mas não é na mesma linha, e a Verª Sofia e a Verª Manuela apresentaram um Projeto semelhante na Casa, que se encontra nas Comissões. Eu acho que nós temos que rediscutir esse Projeto, que já prestou seu relevante trabalho social - ônibus gratuito. Então, na próxima semana, vamos fazer um contato com o Celso para irmos até o Prefeito. Sou grato a Vossa Senhoria.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sr. Luiz Afonso Senna Secretário Municipal de Mobilidade Urbana, cumprimento-o pela Semana Nacional do Trânsito.

Há mais de dois anos - na época, eu era da CEFOR - visitávamos o Triângulo da Av. Assis Brasil, quando se discutia a possibilidade concreta da implementação da passagem integrada. E nós percebemos claramente que a grande preocupação das empresas - cito aqui a Carris, por exemplo - era exatamente no sentido de não demitir servidores, no caso os cobradores. Vossa Senhoria não relatou para nós aqui, uma vez constituída a possibilidade do passe na integração com a Linha Rápida, o que seria feito com os trabalhadores, que, por sua vez, estão muito preocupados, querendo saber se poderão ser reutilizados em outras Secretarias, ou se poderia haver uma possibilidade concreta de serem aproveitados na própria empresa, no caso específico da Carris. Eu levanto isso, porque, na época, tivemos várias reuniões, e essa era a principal preocupação desses servidores; criaria um sério problema para o Governo, caso não houvesse essa preocupação com esses servidores.

A segunda questão que eu trago é sobre a política dos PPDs em Porto Alegre, ou as leis existentes, que são mais de cem, e muitas delas não são cumpridas. Falo, por exemplo, do percentual que deve ser destinado para essa área, a fim de que o cadeirante ou qualquer deficiente físico possa ter acessibilidade ao transporte. A frota, atualmente, possui em torno de 15% dos ônibus preparados para tal. Vossa Senhoria não falou em nenhuma possibilidade concreta de aumentar a cada ano esse percentual. Nós não temos, em toda a Cidade, um mapeamento, por exemplo, de quanto por cento tem na Restinga, no Partenon, podendo haver em algumas regiões da Cidade e, em outras, não haver. Então, é importante essa política. Eu falo isso porque estamos discutindo essa questão aqui na Casa, numa Comissão Especial de Políticas para os PPDs, e há uma grande reclamação do segmento no sentido de que, às vezes, demora uma hora, uma hora e trinta minutos para passar um ônibus que tenha a acessibilidade. Eu creio que é de suma importância que possamos aumentar o número de ônibus que tenha a possibilidade da acessibilidade.

Por outro lado, nós também percebemos que, nos dias de passe livre, em dias de grande pico, por exemplo, às 19 horas, às 8h30min, em alguns locais da Cidade, como a Zona Sul, ou do trajeto do Centro para a PUC, em que há a questão do grande fluxo em função da faculdade, os ônibus passam de dez em dez minutos e não de sete em sete minutos. Eles passam lotados, e os estudantes ficam para o próximo, e muitos deles chegam atrasados. É importante reavaliar e fiscalizar essa questão, pois há uma grande reclamação em relação a esse ponto específico.

Eu agradeço a V. Sª e parabenizo-o pela Semana Nacional do Trânsito.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): As Sras Vereadoras e os Srs. Vereadores fizeram aqui as suas indagações, totalizando, seguramente, mais de cinqüenta questionamentos sobre essa matéria, que é extremamente importante. Foi um verdadeiro inventário, uma verdadeira radiografia sobre a questão do trânsito, do transporte e dos problemas que envolvem a matéria.

Eu passarei a palavra ao Secretário. Na forma do Regimento, ele teria direito a pré-questionamentos, ou seja, ele vem à Casa, então, três dias antes, encaminha-se ao Secretário um número de perguntas, etc... Talvez ele não disponha, no momento, de informações para muitas das questões levantadas, mas, de qualquer forma, eu lhe darei a palavra para que responda, de forma resumida, os inúmeros questionamentos feitos.

 

O SR. LUIZ AFONSO SENNA: Eu vou tentar responder as questões mais comuns, tentar cobrir o conjunto delas. Respondendo alguns dos itens que o Ver. Adeli colocou, eu vou, primeiramente, falar sobre a questão do bairro Restinga, pois acho que isso também responde algumas outras questões posteriores.

No bairro Restinga, nós tivemos oportunidade de implementar um trabalho que vinha sendo construído - eu acho que o Ver. Carrion também mencionou isso - ao longo dos últimos cinco anos. Esse trabalho foi construído, inclusive, junto com a Comissão de Transportes do OP, e o resultado desse amplo trabalho, dessa interlocução com a Comissão de Transportes foi a construção de um projeto que inclui um sistema de alimentação lá na ponta. E o que nós fizemos foi - reconhecendo a qualidade do projeto, mais o fato de que a comunidade estava amplamente envolvida na construção desse projeto - colocá-lo em funcionamento, pois nos pareceu a coisa mais óbvia. E, ao fazê-lo, uma parte substancial da comunidade está satisfeita, e uma outra parte - pelo que nós temos identificado é uma parte minoritária da própria comunidade - é contra.

Só que toda a alteração que foi feita lá no bairro Restinga foi resultado, insisto, dessa ampla relação entre a EPTC e a comunidade, foi uma construção conjunta. Partiu-se de um projeto bem mais amplo que incluiu a aquisição de novos veículos, a construção de um terminal, a integração com um novo terminal que já existia, da Av. Nilo Wulff, e assim por diante. Quando chegou na última etapa do projeto, um percentual da própria comunidade levantou-se contra o projeto. Mas, pelo que nós temos observado, é um bom projeto, que, até que nos provem o contrário, não tem por que ser revisto. Nós temos reuniões periódicas - há uma periodicidade pré-agendada, para que essas reuniões aconteçam - com a comunidade e com os representantes formalmente indicados pela própria comunidade, via os mecanismos que, até então, vinham sendo observados, que é a própria Comissão de Transportes.

Nessa questão dos ônibus do Santa Tereza, e acho que também foi uma questão recorrente, nós vamos dar uma olhada para ver o que está acontecendo, pode ser que esteja acontecendo algum problema de fiscalização, vamos ter que ver com mais detalhes. Eu confesso desconhecer em detalhe isso. Se for o caso - e nós estamos com o Diretor de Transportes -, depois a gente pode até complementar essa informação, mas, se estão acontecendo atrasos, é uma falha, inclusive com penalidades previstas.

Sobre a questão do Centro, que foi várias vezes repetida, eu gostaria de esclarecer um ponto. Quando coloquei as ações aqui, eu vim falando em nome da EPTC e das ações que a EPTC está realizando, mas obviamente elas fazem parte de um conjunto de ações, e as ações da EPTC são parte de uma ação global que a Prefeitura está fazendo particularmente em relação ao Centro da Cidade. Eu diria muito mais: além da SMIC e da EPTC, que são a face mais visível dessa integração entre as Secretarias, outras Secretarias, como a própria SMAM, a FASC, o DMLU, também fazem parte. Há um programa específico da Prefeitura, chamado Viva o Centro, que é especificamente articulado entre as diferentes Secretarias para dar uma solução global, porque nós temos plena noção de que o problema não é localizado. Eu não estou falando em nome da Prefeitura no seu todo, estou falando em nome das questões de transporte, mas esclareço que obviamente todas as questões fazem parte de um conjunto de ações que tem um único objetivo: qualificar o Centro da Cidade.

Na realidade, é uma falha, segundo o que o Ver. Carrion colocou sobre a questão do Terminal Triângulo, é o uso comum, e nós vamos corrigir essa falha.

Quero dizer que em duas oportunidades fui convidado pelo Ver. Carrion para estar na CUTHAB e, numa terceira vez, eu estive também no Fórum da Cidade, que aconteceu lá na Caixa Federal. Eu gostaria de, em relação a uma das questões que o Vereador colocou, dizer que há algumas que são de fundo, e acho que é importante trazê-las, Ver. Elói, à tona. Eu quero dizer que tive a oportunidade de participar desse trabalho que o Ver. Carrion mencionou, das deseconomias geradas no transporte público, como professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, estudo desenvolvido pelo IPEA. Esse é um trabalho bastante amplo que envolve um conjunto de questões bastante complexas. E eu colocaria também a minha visão muito pessoal dessas questões: nós não podemos ignorar que uma parte da nossa população utiliza automóvel. Aliás, provavelmente, se eu fizer uma enquete com todos os nossos Vereadores, talvez haja um ou dois que utilizam ônibus para vir para a Câmara. Então, isso faz parte.

O Brasil é o segundo ou terceiro - agora não me recordo exatamente - produtor mundial de automóveis. Isso é um fato que, embora não queiramos, faz parte da nossa realidade, infelizmente. Os automóveis são uma parte importante e atendem a um segmento significativo da nossa Cidade. Nós já tivemos, em alguns momentos do passado, o que eu chamo de “síndrome da solução única”. Então, no passado, quando pensamos em calçadão... Algumas megalópolis, como São Paulo, utilizaram o calçadão; cidades com mil, dois mi habitantes, no interior do Nordeste ou no interior do Rio Grande do Sul, também utilizaram calçadão como se fosse a única solução possível. Existiram momentos na nossa Cidade em que a solução eram os binários. Então, a gente vai lá e só utiliza binário.

O que nós pensamos é: primeiro, o automóvel é parte integrante da nossa realidade, e assim o será. E a nossa compreensão é de que parte do processo de degradação do Centro aconteceu porque o automóvel não chegou até lá. Eu insisto, eu insisto muito nesse ponto, porque a solução sem automóvel nós já temos hoje. É o que nós temos hoje! Então, agora, o que nós estamos buscando é novas alternativas. Só que isso tem que ser feito de forma inteligente, que é o que nós esperamos fazer. As pessoas, às vezes, colocam, Ver. Elói, que a questão é: “Ah, mas vamos ter carros andando a 60 quilômetros por hora, a 80 quilômetros por hora!” É óbvio que não será isso! Porque nós precisamos, quando usamos uma política dessa forma, como algumas cidades do mundo o fazem, fazer isso de uma forma razoável, ou seja, com velocidades compatíveis, com medidas adequadas, integração urbanística, “trafegal” e assim por diante.

A questão da Av. Salgado Filho: algumas vezes, quando a gente fala em retirar os ônibus, ou quando as pessoas falam em retirar os ônibus, existem sempre protestos: “O pessoal terá de caminhar mais”. Qualquer solução para a Av. Salgado Filho, como para racionalização do acesso por ônibus ao Centro da Cidade, tem como pressuposto a possibilidade de as pessoas chegarem ao Centro de ônibus. Não seria razoável, não seria inteligente fazer qualquer coisa oposta a isso, seria um suicídio político inominável alguém fazer isso. Então, as soluções que estamos trabalhando obviamente passam pela lógica de manter as pessoas chegando ao Centro, só que de forma mais qualificada do que o fazem hoje. Então, a Av. Salgado Filho vai ter uma solução, o “x” da Rodoviária muito provavelmente também estará dentro do mesmo tipo de solução. Porque podemos trabalhar, Ver. Elói e Srs. Vereadores, na gestão da oferta e também no que chamamos de gestão da demanda. Aliás, em relação a isso, hoje temos uma parceria com a comunidade européia, e lá na região da PUC estamos trabalhando exatamente isto: como utilizar soluções inteligentes, não só a reboque dos fatos, mas fazendo uma gestão inteligente também da própria demanda. Para parte do problema da Rodoviária, a solução não é, necessariamente, viária, mas, sim, no que se refere à gestão dos veículos que estão chegando naquele ponto, muitos dos quais talvez não precisem passar por lá. Então, isso vale para os automóveis e para o acesso de transporte público também.

A questão do Terminal Triângulo: eu gostaria de deixar muito claro que, quando nós assumimos, a Estação Barbosa Lima Sobrinho - já me corrigindo o Ver. Carrion - foi um tema de campanha, senhores, foi um tema que estava na campanha. Havia um “elefante branco” parado lá no meio de uma das principais avenidas da nossa Cidade. O que fizemos? Demos uma funcionalidade para ele. É a funcionalidade ideal? Óbvio que não, pois primeiro foi construído um terminal para, depois, ser construído um sistema operacional razoavelmente inteligente que não está...

E agora aproveito, inclusive, para falar sobre o Projeto Linha Rápida: ele tem tido amplo, geral e irrestrito apoio da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. O Prefeito Fogaça, eu diria, fez muito mais. O Prefeito, dentro da Granpal - Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre -, está o elegendo como um dos temas prioritários de apoio, na medida em que favorece não apenas a Zona Norte de Porto Alegre, como também o acesso ao Município de Alvorada. E nós temos um Fórum dentro da Granpal, que é o Fórum dos Secretários de Transportes, em que estamos discutindo uma série de questões no sentido de uniformizar padrões. Nós estamos passando para os demais Municípios, que são 11 - Alvorada, Viamão, Cachoeirinha, etc. -, a nossa experiência acumulada ao longo dos anos, também aprendendo com eles e tratando de questões comuns a esses diferentes Municípios. Então, o Prefeito Fogaça tem colocado isso nas reuniões da Granpal. E até me falta informação dos últimos dias, se já foi ou não levada ao Governador, mas será levada ao Governador mais do que a posição do Município de Porto Alegre, será levada a posição dos Municípios que compõem a Granpal, como uma posição extremamente importante e relevante, não apenas, insisto, para a cidade de Porto Alegre, como para os demais Municípios.

Um outro ponto também importante é a questão do custo, da tarifa. O Prefeito Fogaça é um dos principais articuladores, dentro da Frente Nacional de Prefeitos, no que se refere à questão da desoneração da tarifa, via preços de combustíveis e outros tributos que incidem sobre ela. Esse é um problema que nos preocupa de forma extremamente profunda. Por outro lado, nós temos plena consciência de que devemos ter muito cuidado com relação a essas questões. A maior parte da incidência desses tributos é federal e estadual. Então, repito, devemos ter muito cuidado.

Quanto à questão da multimodalidade, temos tratado dessas questões sempre de uma forma muito transparente. Pessoalmente, também, eu tive oportunidade de trabalhar no Projeto de concepção da Linha 2 do Metrô. Eu acho que nós já perdemos uma grande oportunidade, uma janela histórica que se abriu no passado, que, infelizmente, não foi aproveitada por questões menores. Nós tivemos a oportunidade de trazer a Linha 2 e não o fizemos - quando eu digo “nós”, refiro-me a nós todos. Eu diria que, hoje, essa é uma questão complexa, estamos falando de mais de 1 bilhão de reais, talvez 2 bilhões de reais, dinheiro que penso ser dificilmente disponível a curto prazo. Por outro lado, ele é obviamente estruturador e importante para a Cidade em algum momento da sua história. Hoje eu não sei até que ponto nós poderíamos fazer qualquer afirmação mais definitiva em relação a isso.

Tentando ser bastante breve, talvez eu tenha que pular alguns tópicos, eu até peço socorro para os Diretores, mas são em número de 33 mil os isentos, é a questão do Ver. Dib. São 33 mil isentos nesta Cidade. Nós, na EPTC, estamos com um trabalho e uma diretriz de sermos extremamente rigorosos em relação a quem recebe. Todos os isentos são absolutamente definidos por leis municipais, e nós não vamos arredar um centímetro sequer, no sentido de que apenas receba as isenções quem estiver legalmente habilitado para tal. Infelizmente, e aí eu coloco uma posição bastante pessoal, nós devemos ter presente - vários Vereadores mencionaram isso - que nós temos custos associados. Quando alguém obtém uma isenção, outro alguém está pagando por essa isenção. Esse é um processo que, se bem administrado, traria uma distribuição de renda; mal-administrado, eu diria que traria uma concentração de renda.

Eu, pessoalmente, recebi um dia desses, até vou relatar, um pedido de um Parlamentar no sentido de que havia uma pessoa que tinha um padrão de renda razoavelmente elevado, mas que, por ter 60 anos, estava exigindo o seu direito de ser transportada de graça. Quer dizer, isso, de alguma forma, é a antítese da lógica que direcionou as isenções, que é a distribuição de renda. Nós estamos concentrando renda. Obviamente, com relação a todas as isenções, no que for do ponto de vista legal, nós vamos estar sendo extremamente austeros no sentido de saber quem realmente está legalmente habilitado a receber, e a pessoa receberá.

Quanto ao IPK, que vem caindo, Ver. Dib, nós estamos realmente num processo de perda de passageiros no sistema de transporte público. Isso se dá por vários motivos; um deles é a própria revolução tecnológica com a qual estamos nos defrontando, que é o fax, é a Internet, é o próprio motobói e assim por diante, que foi fazendo a própria descentralização das atividades econômicas e de lazer na Cidade. Então, tudo isso fez com que se tivesse um novo perfil na Cidade.

Eu vou procurar ser bastante rápido em relação a isto. O Ver. Nedel falou nas solicitações do Governo anterior que não foram atendidas. Uma parte grande do que temos represado é exatamente em função do acúmulo de solicitações não-atendidas. A propósito disso, a informação que eu obtive hoje, ainda antes de vir para esta Casa, é de que nós estávamos em dia com os Pedidos de Informações, exceção feita a uma solicitação da Verª Manuela, o seu Pedido de Informações era mais ou menos um inventário da EPTC em relação a vários tópicos de ampla abrangência. Se não me engano, esse era o único que não estava em dia; os outros estavam dentro do período. E nós fizemos um grande esforço com relação aos Pedidos de Informações, porque havia Pedidos de Informações de três anos, de quatro anos, havia Pedidos do ano de 2000. Então, nós procuramos fazer um grande mutirão no sentido de qualificar.

Sobre as questões da Hípica, nós temos a assessoria comunitária que está trabalhando diretamente com eles. Da questão de formas ambientalmente amigáveis para os ônibus, nós estamos tratando. Agora, existe também uma questão que é pragmática: eventualmente, alguns desses sistemas são muito onerosos, e tudo o que onerar a tarifa nós temos muito cuidado em utilizar.

A questão das isenções, que o Ver. Sebastião Melo mencionou: no Fórum da Granpal, por exemplo, eu tive a oportunidade de ouvir do Secretário de Alvorada, e aí é chocante: mais de 60% dos usuários do transporte urbano de Alvorada são isentos. Não há sistema que consiga subsidiar esse nível de demanda!

A questão dos motobóis, Ver. Sebenelo: a EPTC - não vou fugir à questão - regula mercados. Eu acho que essa é uma questão importante dentro das discussões: a EPTC regula mercados. Quais são os mercados regulados pela EPTC? Um é o mercado de oferta e demanda por espaço público nas vias. Depois, nós temos o mercado de transporte por ônibus. O outro mercado que nós regulamos é o do transporte por lotação, o outro é do por táxi, e, por último, nós temos o mercado de transporte escolar. Todos os mercados que não forem esses, eu, pessoalmente - até posso estar cometendo algum equívoco -, diria que não fazem parte das atribuições da EPTC. Então, uma coisa é o trânsito, o outro aspecto importante é a questão de administração de profissões e de mercados de entrega, por exemplo, que nós não fazemos com automóvel. Obviamente, essa é uma questão intrínseca à Câmara, e a EPTC vai estar sempre disponível para dar todo o suporte que for necessário, tecnicamente, etc.

Agora, eu gostaria de colocar o seguinte: eu apresentei os números, acho que é um outro aspecto bastante importante a ressaltar, são 4 mil táxis, 1,5 mil ônibus e o restante de todos os outros mercados que nós temos que regular, e há uma dificuldade muito grande de conseguir fazer isso a tempo. Então, algumas questões operacionais também precisam ser consideradas em relação a esse aspecto. Basicamente, regulamos tráfego e regulamos mercados de transporte de pessoas, mercados de transporte público. Mas estamos à disposição para aquilo que for necessário, vamos pôr à disposição toda a Casa, com todo o conhecimento que lhe é notório.

Sobre a questão da bilhetagem eletrônica, esta Casa, ao aprovar a lei que permite a bilhetagem eletrônica, já fixou que não pode haver o desemprego dos cobradores. Portanto, essa é uma questão sobre a qual não precisamos nem nos alongar muito, na medida em que está prevista, por lei - de autoria do Ver. Elói Guimarães -, a impossibilidade de demissões. O que vai acontecer? Muito provavelmente, esse passará a ser uma espécie de cargo em extinção, sendo que os que estão hoje estarão sendo preservados, e nós temos, até que a bilhetagem esteja plenamente implementada na Cidade, muito chão pela frente em termos de utilização e aplicação.

Sobre a questão dos deficientes físicos, a locação dos veículos para portadores de deficiência, o que me ocorre, é por linha. E, até onde nos consta, esses são os números de que dispomos, mas a gente pode fazer alguma verificação, ainda, em relação a isso.

A questão das carroças é um problema transversal, também, dentro do Governo, que vai ser atacado de uma forma integrada.

Sobre uma questão que talvez eu tenha me expressado mal ou tenha sido compreendido de forma inadequada: quando eu falei sobre a questão da prestação de serviços para o setor privado, eu estava dizendo, basicamente, que hoje isso é prestado na medida em que a EPTC, por exemplo, gera informações e as coloca à disposição sem nenhum ônus para quem as utilize, que não é a população no seu todo. Por exemplo: as informações de contagens volumétricas de automóveis em algumas esquinas, informações que são passadas de forma gratuita para algumas empresas que vão as utilizar em publicidade, por exemplo, para colocação de outdoors; a questão de escoltas de veículos que interferem na atividade do tráfego na Cidade, são deslocamentos de equipamentos de empresas privadas. Nós entendemos, obviamente, que isso tem um custo para a sociedade e que, de alguma forma, está sendo privatizado.

A respeito da questão colocada pela Verª Manuela sobre as passagens escolares, eu acho que tudo que for modificado que não estiver definido por lei só se for por outra lei. Essa é a impressão e a diretriz que nós temos na Casa.

Para concluir, sobre a questão colocada pelo Ver. Sebastião Melo, que é uma proposta de lei em relação à tarifa, eu posso dar um depoimento mais de ordem pessoal. Basicamente, nós estaríamos trazendo o seguinte: ou se continua com a planilha tarifária - e isso é uma planilha definida também pela própria Câmara - ou não. O que eu acho difícil, e é uma opinião muito pessoal, é que a gente faça um híbrido de planilha com ausência de planilha; ou a gente reajusta tarifa pela planilha, ou se reajusta por um indexador qualquer da economia, IGPM, seja lá qual for.

Eu acho que era isso, se alguma questão eu deixei, vou tentar respondê-la na medida do possível. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos cumprimentar o Sr. Secretário Luiz Afonso Senna, que espontaneamente vem à Casa; a sua Diretoria - Sr. Fernando Dutra Michel, Diretor de Transportes da EPTC; Srª Lúcia Helena, Diretora Administrativa da EPTC; Sr. Jorge Ribeiro, da Assessoria Comunitária da EPTC; Sr. Celso Pitol, Assessor Parlamentar da EPTC; Sr. José Wilmar Govinatzki, Diretor de Trânsito e Circulação da EPTC - e os demais funcionários. Todos vêm à Casa de forma espontânea para discutir, para debater, como foi feito com os Srs. Vereadores. Enfrentam-se questões extremamente complexas e crônicas que a problemática do trânsito oferece, envolvendo a competência da SMT/EPTC, sobrecarregada nesses últimos tempos, porque já era uma Secretaria de grande envergadura e complexidade com o transporte, e, agora, foi acrescido o trânsito sem as necessárias compensações financeiras e econômicas para fazer frente a tamanhas tarefas que possui. Portanto, Sr. Secretário Luiz Afonso Senna e Diretores recebam as saudações da Casa.

Estão suspensos os trabalhos para os cumprimentos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h43min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães – às 16h47min): Estão reabertos os trabalhos. O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, na semana retrasada eu vim a esta tribuna para fazer uma cobrança muito forte, uma denúncia sobre o recolhimento de lixo em Porto Alegre, a respeito do superfaturamento dos contratos emergenciais na gestão do ex-Prefeito Tarso Genro. Quero avisar a esta Casa que o Tribunal de Contas - o Relator comunicou-me na semana passada -, na quarta-feira, estará julgando a denúncia deste Vereador, portanto lá estarei acompanhando durante toda a tarde, porque o julgamento começa às 14h. Eu havia feito essa cobrança na tribuna, já que faltam dois meses para completar quatro anos que a denúncia foi formulada, mas finalmente o Tribunal de Contas vai julgar o feito.

Segundo registro: eu já disse na interlocução com o Secretário, mas quero dizer, Verª Maria Celeste, Ver. Professor Garcia, que eu e o Ver. Adeli Sell subscrevemos dois documentos. Um foi dirigido ao Prefeito, e outro dirigido ao Governador. Solicitamos audiência, Verª Maria Celeste, para tratar da questão da Linha Rápida. Acho que esse é um Projeto que, no seu todo, atinge dez Municípios, ele começou no início da década de 90. O que foi concluído até agora foi o Terminal Mauá e o Paradão da Av. Assis Brasil, portanto existe um conjunto enorme de obras a ser feito, mas nós pontualmente estamos querendo discutir com o Governador e também com o Prefeito sobre a questão do alargamento da Av. Baltazar, que é uma obra urgente, urgentíssima.

Terceira questão: eu queria dizer ao meu querido amigo Ver. Comassetto que produzi uma lei que teve apoio unânime desta Casa em 2003, permitindo que fosse colocado no Plano Diretor - a partir da inclusão daquela lei - que Porto Alegre está autorizada a construir um equipamento público denominado Corredor de Cavalgadas, para tantos gaúchos e gaúchas que fazem, semanalmente - especialmente no final de semana -, os seus passeios na Zona Sul de Porto Alegre. Não só na Zona Sul, eu diria que no Extremo Sul, que é privilegiado pela sua beleza, pela sua mata nativa. E nós temos, portanto, muitos piquetes, muitos CTGs, e o Ver. Elói sabe, porque também é praticante, do que eu estou falando.

Ver. Comassetto, V. Exª propõe o traçado do Corredor de Cavalgadas, e eu acho que V. Exª está equivocado, porque não compete ao Vereador traçar; o que compete ao Vereador é colocar essa possibilidade na Lei do Plano Diretor, até porque o traçado depende de despesa, e despesa não é, portanto, competência do Vereador. Vossa Excelência foi do Plano Diretor, esteve lá, o seu Governo esteve lá 16 anos, podia ter feito, mas não fez; podia ter regulamentado, Ver. Luiz Braz, mas não fez. E aí, na véspera da Semana Farroupilha, ele lança um Projeto: “Agora vou criar um Corredor de Cavalgadas”. Quero dizer que não fica bem desse jeito. Eu respeito, não vou entrar em atrito, mas acho que não fica bem. Eu acho que há uma lei e que o Executivo tem de fazer a sua parte. O que nós podemos fazer, quem sabe V. Exª e outros Vereadores, é falar com o Isaac Ainhorn, falar com o Prefeito, para pressionar o Executivo a fazer.

Então, eu queria apenas fazer esse registro e dizer que nós achamos que esse é um debate importante da Cidade. Quero dizer que não fui autor desse Projeto, eu fui instrumento para a sua viabilização, a partir de inúmeras reuniões das ruas, e V. Exª participou delas lá no Armando Fraga. Agora, acho que não fica bem dizer para a sociedade: “Olha, agora nós vamos produzir o Corredor de Cavalgadas”. Isso não é feito dessa forma, não é dessa maneira, e não é desse jeito. Até porque, se fosse tão fácil, em 16 anos, o Ver. Comassetto, que foi comandante do Plano Diretor do Extremo Sul, já poderia ter produzido. Então, deixo aqui o nosso registro e o nosso agradecimento.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos saudar o Ver. Carlos Comassetto, que ontem fez aniversário. Desejamos a V. Exª muitas felicidades, muitos anos de vida. Estou entregando a V. Exª a mensagem da Presidência e da Mesa.

A Verª Mônica Leal está com a palavra em Grande Expediente.

 

A SRA. MÔNICA LEAL: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, pessoas que nos assistem, ocupo esta tribuna, hoje, para manifestar um sentimento que tenho certeza que toda a sociedade gaúcha vive neste momento, que é o pânico da insegurança. O medo é nosso companheiro constante. A criminalidade aumenta incontrolavelmente nos últimos tempos, e, através dos veículos de comunicação, acompanhamos aterrorizados o crescimento desenfreado da barbárie que destrói famílias e interrompe vidas, deixando marcas profundas e até irrecuperáveis. Não há mais hora, rua, zona, nem local, o crime acontece em toda a parte. As vítimas somos nós, classe média, ricos e pobres, crianças, jovens, mulheres, homens e idosos. A crueldade e a audácia dos assaltos é tamanha que um homem teve uma orelha decepada ao lhe roubarem duzentos reais em Tramandaí.

 

O Sr. Carlos Todeschini: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Obrigado, Verª Mônica, cumprimento V. Exª novamente por retomar o assunto nesta Casa, na tribuna. A gente sente o agravamento da situação de insegurança, isso está visível, está sensível todos os dias, com todos os episódios vivenciados, noticiados, enfim.

Eu estive, na última segunda-feira, no Conselho Municipal de Segurança, e houve uma reclamação formal por parte do Conselho de que a Câmara não está se fazendo presente nas reuniões do Conselho. Eu gostaria de saber quem é o representante. Nós propusemos a esta Casa uma Comissão Especial de Segurança Pública, bem como o andamento do Projeto das Ações Integradas de Segurança, que está na Casa e precisa de tratamento arrojado, principalmente, por parte dos Vereadores. Obrigado.

 

A SRA. MÔNICA LEAL: Obrigada, Vereador.

Continuando, uma jovem de 25 anos foi morta em plena luz do dia, às 11 horas da manhã, sob o olhar de sua sogra e do seu filho de quatro anos num bairro residencial em Porto Alegre. Foi levado o carro para roubarem os pneus e um rádio CD.

Na noite de sábado para domingo, um menino de 17 anos morreu baleado por assaltantes ao descer do carro do pai de um amigo, em frente à sua casa, ao voltar de uma festa na Zona Norte da Cidade.

E, nessa madrugada, na Capital, um policial civil foi morto com 11 tiros por homens que tentaram arrombar o seu carro. Os assaltantes perceberam que a vítima estava a poucos metros do carro, comprando um cachorro-quente, e efetuaram os disparos, um deles atingiu a cabeça do policial. Eles se deram conta de que se tratava de um policial.

Eu poderia dizer aqui, senhores, que nos dias de hoje, em razão da grande diferença das classes sociais e do aumento da pobreza, cresce dramaticamente o índice de criminalidade. Porém, atrevo-me a concluir que o Governo Federal é o principal responsável pelo recrudescimento da criminalidade em nosso País, quando se omite em adotar medidas fortes e coibitivas, como requer o atual momento, ao contrário do que afirmam autoridades federais, de que a Segurança Pública é responsabilidade única do Estado federado.

O crime organizado e o narcotráfico são alimentados permanentemente por drogas como a cocaína, que não é produzida no Brasil. Ela vem do exterior, através das fronteiras, dos portos e aeroportos, cuja responsabilidade de controle é federal, é da União.

O tráfico de drogas e de armas prospera em face de uma demanda em expansão e pelo terreno fértil encontrado entre os jovens, principalmente, rapazes pobres, sem escola e sem emprego. O tráfico os recruta, mobilizando recursos financeiros e armamento. De posse de uma arma, esse jovem, à margem da sociedade, sente-se valorizado em sua auto-estima, torna-se reconhecido e respeitado por receber funções importantes no mundo do crime. Mas as coisas acontecem de forma muito rápida nesse mundo: o jovem armado e respeitado, herói até há pouquinho, de repente é estorvo, não serve mais e é friamente descartado com um tiro na cabeça.

As polícias estaduais, mais conhecedoras dos seus problemas locais, mesmo que queiram, não podem atuar nesses locais de atuação exclusiva da polícia federal. O mesmo acontece com relação ao armamento moderno, de Primeiro Mundo, que também não é fabricado no Brasil, mas que chega da mesma maneira ao nosso território através das fronteiras, portos e aeroportos, cujo controle, repito mais uma vez, é exclusivo e privativo da União, o que impede a atuação dos policiais estaduais.

Com parte do produto da venda de drogas, o armamento sofisticado e potente chega às organizações criminais em enormes quantidades, enquanto que as polícias estaduais portam armas inferiores em poder de fogo, precisão e quantidade.

O Estado federado, que eventualmente pode e quer dotar suas polícias de armamentos modernos, pelo menos semelhantes ao armamento dos criminosos, sofre restrições do próprio Governo Federal, que falha duplamente: primeiro, por não estancar a entrada ilegal de armas e drogas e, segundo, por não aparelhar as polícias estaduais com armas modernas ou, até, criando dificuldades e impedimentos de toda ordem para que isso seja feito.

O mesmo Governo Federal, que exige dos Estados que suas polícias, civil e militar, trabalhem integradas para que possam receber algum recurso financeiro do Ministério da Justiça, esquece que a principal integração, a da polícia federal com as estaduais, ainda não ocorreu por sua própria responsabilidade. Se a União estivesse mais sintonizada com os Estados e permitisse que as polícias estaduais, com recursos financeiros fornecidos, atuassem no apoio e fiscalização das fronteiras, portos e aeroportos, certamente a criminalidade no Brasil ficaria bem abaixo dos níveis atuais.

É necessário criar batalhões de fronteira para que o trabalho de vigilância e proteção seja realizado com eficiência. O certo seria que os Estados federados, que têm fronteiras com outros países, criassem esses batalhões orgânicos de suas próprias polícias militares, com salários e equipamentos subsidiados pelo Governo Federal.

Senhores, para finalizar o meu desabafo sobre a violência que assola o nosso Estado e que nos amedronta, quero registrar, aqui nesta tribuna, que a criação do Ministério da Segurança Pública, que vem sendo defendida por mais de uma década, ainda não sensibilizou o mundo político que nos governa. E isso é fatal. E já tivemos, no Brasil, Ministérios como o de rasgar papel, o chamado Ministério da Desburocratização, o de cavar postos no Nordeste e tantos outros que serviram muitas vezes como prêmio de consolação para políticos derrotados em suas eleições. É o que não conseguimos aceitar e sequer entender, visto que o mais importante para o cidadão brasileiro é a sua própria vida, a vida da sua família, a garantia de seu patrimônio.

Eu gostaria de mostrar aos senhores que o Brasil é o paraíso dos narcotraficantes. Vejam o que acompanhamos nesta semana (Mostra recortes de jornais.): “Homem com orelha cortada”, “Mais uma morte e roubo de carro”, “Bandidos mutilam a vítima”, “Jovem é baleado” ,“Vândalos arrombam Mini Zôo e soltam animais.” Mas, para consolo, sobra-nos ler que a Restinga pede um basta à violência e que o Movimento Chega! fará uma grande caminhada no dia 20 de setembro às 18h para dar um grito de socorro para as autoridades, tamanha é a violência em nosso Estado. Aproveito a oportunidade e convido todos que estão com medo de sair às ruas ou até mesmo de ficar dentro das suas casas, com grades, cercas elétricas, vigias e animais ferozes, para estarem presentes nessa caminhada e pedirem aos nossos governantes e a Deus que olhem o cidadão de bem, que quer o direito de ir e vir com segurança e que está prestes a ser desarmado, em função de uma campanha, de um plebiscito incoerente e ridículo que o Governo Federal nos faz engolir. Obrigada.

(Revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Está encerrado o Grande Expediente.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores, a semana que passou nos trouxe algumas novidades não-conclusivas no cenário de Brasília que nos deixaram em estado de alerta, Ver. Maurício Dziedricki. O Líder do Partido de V. Exª, o Presidente do Partido de V. Exª, Roberto Jefferson - ex-Presidente, diz o Ver. Maurício Dziedricki -, numa Sessão bastante tumultuada, fez um discurso bastante forte e denunciador da corrupção que existe hoje no Governo Federal, denúncias que culminaram com a cassação do seu mandato. Todo mundo pode dizer que isso já era alguma coisa esperada. O que não era esperado era o fato de Deputados pertencentes a outros Partidos, que não o PPB e, graças a Deus, também não do meu Partido, o PSDB, mas pertencentes ao PT, em número de sete Deputados, e PP e PMDB, recorrerem ao Supremo Tribunal Federal, dizendo que não tinham ainda exercido o seu direito de defesa. E, por isso mesmo, eles receberam uma garantia, através de uma liminar, de que não seriam julgados de imediato.

Mas o que fica assim no ar é: cassou-se Roberto Jefferson, e o resto, depois, pode se acomodar. Parece que, agora, aqueles Deputados, em número de dezoito, que estão na fila para serem cassados, para serem metralhados, Ver. João Antonio Dib, não precisam mais ser cassados, e dizem que já existe até um acórdão para que isso não venha a acontecer, porque, afinal de contas, a cassação do Jefferson já tranqüiliza a todos.

Eu acho que vai ser uma tremenda frustração para a população brasileira. Eu acho que, mais uma vez, Brasília vai dizer para a nossa sociedade que estamos mal representados, se isso realmente vier a acontecer. Porque o que se espera é que realmente esses dezoito Deputados, ou talvez mais que dezoito, todos aqueles que causaram constrangimento para a nossa sociedade e para o mundo político, possam ser cassados e que possamos ter o ambiente de Brasília um pouco mais depurado, para que aquelas pessoas que se elegerem para representar a nossa sociedade não cometam os mesmos erros e os mesmos desmandos.

O PT, com o seu discurso mentiroso, vazio, enganando a população brasileira e causando todos esses dissabores, está drenando a economia do nosso País para o fortalecimento do seu Partido. E alguns integrantes de outros Partidos estão cometendo também os mesmos erros.

Eu acho que estamos naquele momento, Ver. ª Neuza Canabarro, em que ou se resolve isso de vez, ou a sociedade não vai mais acreditar absolutamente em ninguém. Eu acho que está na hora das punições, está na hora de colocarmos o País numa situação um pouco melhor do que esta que nós estamos acompanhando.

Uma coisa que eu acredito ser primordial, Sr. Presidente, é a seguinte: se falou muito em gastos com propaganda. Eu me lembro que aqui, quando nós denunciamos, os gastos baixaram um pouco. Aqui, o Governo do PT gastava treze milhões com propaganda. Esses gastos baixaram um pouco. No Governo Federal, em um ano, passaram pelas contas de uma agência pequenininha cerca de duzentos milhões de reais. Eu acho que, se esse dinheiro não for redirecionado e se não houver um novo planejamento para se gastar melhor o dinheiro que é recolhido através dos impostos, a população brasileira vai ter que fazer uma cobrança muito séria a esses homens que hoje são os grandes representantes da nossa sociedade.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Maurício Dziedricki está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. MAURÍCIO DZIEDRICKI: Exmo. Sr. Vereador, companheiro Elói Guimarães; Sras Vereadoras e Srs.Vereadores, eu venho à tribuna para registrar, com tremenda satisfação, o transcurso de dez anos da Liga de Bocha da Intercap, porque fui provocado por eles para que a nossa Casa tomasse ciência das particularidades que tem essa Liga e da especial atenção a que se dedica na construção de um bairro onde realmente tenhamos, por intermédio da Praça Darcy Azambuja, um período e um espaço de integração da comunidade, de realização do movimento social. E, mais do que isso, de locais onde realmente as pessoas possam ter tranqüilidade e harmonia para conviver nos seus finais de semana. Em decorrência da grande violência, alertada pelos nossos jornais e pelas ruas, a Intercap vem ressurgindo, através da Liga desses jovens senhores, que lá se dedicam a construir e a formatar novos conceitos de ocupação urbana e também de revitalização dos nossos bairros.

A Liga de Bocha da Intercap comemorou os seus dez anos no último dia 13 de setembro. E lá foram motivo de festa as inúmeras conquistas, principalmente aquelas que envolveram a comunidade da Intercap, uma vez que, para a construção daquela cancha, foi necessário o apoio incondicional daqueles que lá vivem, residem ou trabalham. A Liga reúne mais de cinqüenta jovens senhores que, durante o dia, além das atividades esportivas da bocha - participam do Calendário da Secretaria Municipal de Esportes, do Campeonato de Bocha Municipal -, participam também de encontros culinários, de recreação com crianças; dedicam-se àquilo que realmente fará com que se construa uma Porto Alegre mais igual, que é o reconhecimento e o apoio àquelas pessoas que nos ladeiam. Esses jovens senhores têm se dedicado a essa construção, têm investido seus recursos, e mais: têm se debruçado para que tenhamos realmente espaços cada vez mais amplos de participação social.

 

O Sr. Aldacir Oliboni: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Maurício, quero o parabenizar pela iniciativa, o bairro Intercap fica entre a Av. Ipiranga e a Av. Bento Gonçalves, para quem não sabe, próximo ao Carrefour, uma região que se conhece muito bem. Casualmente, essa Liga de Bocha é uma liga que nós apoiamos muito no nosso Governo; inclusive este Vereador foi um dos que colaboraram muito não só para que se construísse aquela cancha, mas que se estendesse uma outra área de convivência das famílias que ali residem. Portanto, a Praça Darcy Azambuja não só precisa da cancha de bocha, como também é necessário humanizá-la mais, precisamos ser parceiros dessa iniciativa. Acho de extrema importância que V. Exª venha trazer esse assunto.

 

O SR. MAURÍCIO DZIEDRICKI: E venho a esta tribuna, Ver. Aldacir Oliboni, justamente para registrar esse cuidado que tem a comunidade em reconhecer a iniciativa do Poder Público, porque não são os nossos Governos, não são os nossos administradores que ganham com a efetiva contribuição aos bairros da nossa Cidade, são os nossos moradores, que, perenemente, participam da vida da área, da sociedade de Porto Alegre, contribuindo não só com seus impostos, mas também com a participação, no que diz respeito às políticas que devemos enfrentar. E essa política de lazer é algo que devemos construir aliados a eles, uma vez que estamos vendo uma dificuldade muito grande no reconhecimento desses espaços comunitários de lazer, por conta da falta de investimento na área da segurança, da falta de entendimento de que o lazer é uma proposta para todos e que deve ser política de Governo. Eu tenho certeza de que tanto a Secretaria Municipal de Esportes como o Prefeito Fogaça vão olhar com maior carinho a participação dessa Liga de Bocha e a cancha que lá existe, para que tenhamos verdadeiramente o espaço comunitário da Intercap humanizado, culturalmente produtivo, para que ele sirva de exemplo para tantos outros centros comunitários, tantas outras praças, tantas outras oportunidades de estabelecimentos do nosso Município que atendem diretamente à comunidade. Essa interface é necessária. E lá esses senhores têm construído isso de maneira muito harmônica.

Então, quero desejar aqui, por meio da tribuna desta Casa, que tenham êxito, que tenham sucesso e que esses dez anos de existência da Liga da Bocha da Intercap possam ser projetados por muitos e muitos anos a mais. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Neuza Canabarro está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. NEUZA CANABARRO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, nós estamos vivendo um momento muito triste para a Nação, porque a crise política não abala só o PT, ela atinge vários Partidos. E, no dia de hoje, eu tenho acompanhado a divulgação da apuração da eleição no Partido dos Trabalhadores. Por quê? Porque nós queremos, Verª Margarete, que, realmente, a oposição possa vencer e refundar o Partido. Estamos torcendo por isso e temos certeza de que os Vereadores que aqui compõem a Bancada do Partido dos Trabalhadores querem isso. Nós lamentamos profundamente tudo o que está ocorrendo, porque isso vem em demérito ao político, ao homem público, e não só ao PT. Com tudo isso, nós estamos é desmoralizando a classe política. Nós estamos acompanhando a evolução dos fatos, e o que nós vemos?

Também é de se registrar aqui o que disse o Ver. Professor Garcia: “Como que o Presidente Lula não comparece à eleição?” É uma falha muito grande. Ele não teve coragem de sair de casa? O que houve? Se ele está de cabeça erguida, ele teria de estar lá para mostrar, para sinalizar aos militantes que ainda acreditam, que vão à luta, que ele é parceiro! Caso contrário, é uma incoerência. No momento em que o Presidente Lula abre mão de dois Ministros que são peças-chave no seu Governo para reestruturar o PT e não comparece, ele dá a impressão que não quer se envolver ou que tem receio de alguma coisa.

Pensando nisso, eu lembrei que eu tinha, na minha gaveta, uma matéria, que eu não quis ler, a qual foi publicada no dia 3 de maio deste ano, cujo título é "Os trabalhos e os dias", a autoria é de Marco Antonio Villa. Ele diz o seguinte (Lê.): “A agenda de trabalho do Presidente Lula é pobre, desconexa e, em vários dias, está quase que totalmente vazia. A agenda de trabalho de Luiz Inácio Lula da Silva causa estranheza e preocupação. Pelos compromissos listados, não se vê um Presidente que tenha interesse nos assuntos administrativos, muito menos no estudo e enfrentamento dos graves problemas nacionais. Atividades são marcadas sem nenhum critério seletivo, como se a ação governamental causasse tédio e enfado ao primeiro mandatário da República. Um exemplo é 6 de janeiro, quando teve dois compromissos: recebeu o Presidente do Flamengo e o da fábrica de pneus Michelin. Mas o pior estava por vir. Seis dias depois, teve uma única audiência: com o Presidente do Clube do Choro, de Brasília.

“O entusiasmo pelo Fome Zero não passou de fogo de palha. O Presidente recebeu José Graziano, Ministro responsável pelo programa, três vezes no primeiro mês de Governo. E só. Até à sua demissão, um ano depois, não foi recebido em audiência nem uma vez sequer.”

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Neuza Canabarro, primeiramente quero saudá-la pela importância do discurso que V. Exª está fazendo no dia de hoje na tribuna. Deu para sentir aqui no plenário, com todo o respeito à Bancada do Partido dos Trabalhadores, aos nossos queridos colegas Vereadores e Vereadoras, que, infelizmente, a tristeza tomou conta: estão abatidos, dá para ver só olhando a fisionomia dos nossos colegas. Sou grato a Vossa Excelência.

 

A SRA. NEUZA CANABARRO: Muito obrigada.

Então, nós colocaríamos que o Presidente Lula talvez não tenha tido tempo, ontem, de sair de casa; mas é uma falha muito grande, um lapso muito grande.

Eu lembraria àqueles que assistiram à entrevista do ex-Deputado Federal Roberto Jefferson, ontem à noite, às 20h30min, na TV Bandeirantes, que aquilo que Roberto Jefferson passou, Ver. Elói Guimarães, foi credibilidade. Se ele estava metido - e estava -, ele saiu, mas ele não tinha idéia da dimensão do enorme buraco que estava sendo feito, da dimensão das falcatruas que estavam sendo realizadas.

Para concluir, diria que nós, do PDT, vimos, no início do Governo Lula, o nosso Partido minguar; porém também digo que os que ficaram são aqueles que “não se vendem por um prato de lentilhas”. Muito obrigada. (Palmas.)

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Sebastião Melo.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, hoje esta Casa recebeu o Sr. Luiz Afonso Senna, Secretário Municipal de Mobilização Urbana, que trouxe o assunto da Semana Nacional do Trânsito. Seria bem confortável para este Vereador não seguir com as reclamações que tem feito a respeito do trânsito de Porto Alegre, mas acho que é uma obrigação. Quero dizer que, quando faço uma solicitação de melhoria no trânsito, como as modificações que sugeri... Na Av. Sertório, sugeri abandonar o corredor de ônibus criado pela Administração anterior, pois, como permanece o trânsito normal de ônibus à direita, não se justifica ter ali aquele corredor de ônibus. Tal modificação liberaria e daria melhor fluxo ao trânsito, e não fomos atendidos. Fizemos um pedido, há muito tempo, para que a Rua Ramiro Barcelos fosse aberta, possibilitando atravessar a Av. Protásio Alves, até porque a Rua Ramiro, se formos avaliar, vem lá da Av. Ipiranga e envolve os fluxos da Av. Protásio Alves, da Av. Independência, da Av. Cristóvão Colombo, da Av. Farrapos, da Rua Voluntários da Pátria, indo até a Av. Castelo Branco. É difícil admitir que tenha que permanecer como está. E sugerimos que tal modificação fosse feita no prazo de 60 dias, e o Secretário não nos atendeu.

Eu moro na Av. Carneiro da Fontoura, esquina com a Rua Brito Peixoto, e é uma avenida de uma mão só. Justificar uma avenida com uma mão só é complicado! Ali acontece, toda semana, um acidente, e o mais grave ainda e que eu não havia dito é que moro naquela esquina. De repente, a gente começa a ter vergonha dos próprios moradores da região, pois “que Vereador é esse que não consegue nem um redutor de velocidade para lá?” E o Secretário Senna quer que eu, de repente, me cale aqui! É frustrante para nós, como Vereador, essa situação, e ainda temos de aceitar essa condição de sermos da base do Governo, se não conseguimos sequer um redutor de velocidade para um lugar onde ocorrem acidentes! É muito complicado. Admitir que a Rua Ramiro Barcelos permaneça com o seu trânsito interrompido sem conseguir atravessar a Av. Protásio Alves..! E ali há uma sinaleira, é fácil modificar, nem que seja em caráter experimental! É difícil, tem que se ter muita paciência!

Mas o colega de Partido, Ver. Haroldo de Souza, pediu que eu lhe desse um presente. Eu quero mostrar aqui da tribuna, depois vou até a sua mesa para entregar o presente. (Mostra três lenços, um vermelho, um azul e um branco.) O Vereador deverá ter o compromisso de assumir uma dessas cores aqui! O Vereador me pediu, e eu concordei em lhe dar um presente, mas ele terá de escolher a cor, Sr. Presidente. O nosso Ver. Haroldo de Souza terá de escolher a cor.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Bernardino Vendruscolo, tenho certeza de que o Ver. Haroldo, a melhor voz do Rio Grande, escolherá o vermelho. Daqui a pouco os colegas Vereadores vão usar a Comunicação de Líder, e hoje, neste Rio Grande, há alguém liderando o Campeonato Brasileiro: o Sport Club Internacional!

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: E quero aproveitar para lembrar que hoje, às 19h, haverá uma Sessão Solene em homenagem à Semana Farroupilha no Centro de Eventos do Parque da Harmonia. Então, estamos reforçando o convite para que lá compareçam os Vereadores. Hoje, às 19h, no Centro de Eventos.

 

O Sr. Haroldo de Souza: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, quero agradecer o presente antecipadamente. Eu fico com o de cor branca.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Vossa Excelência quer ficar com o de cor branca? A gente respeita!

 

O Sr. Haroldo de Souza: Nada contra o vermelho nem contra o azul, pelo contrário.

 

O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo da Verª Sofia Cavedon.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; prezados colegas Vereadores, prezadas colegas Vereadoras, quero aqui iniciar fazendo uma afirmação, até mesmo porque a colega Neuza Canabarro trouxe acerca do contexto que estamos vivendo. Ontem, 18 de setembro - e quero aqui agradecer ao Sr. Presidente e a todos os colegas a homenagem que recebi pelo aniversário -, foi também um dia em que iniciou um processo de reestruturação e resgate de um conjunto de valores do nosso Partido. E aí eu quero dizer ao Ver. Luiz Braz que não se podem jogar “palavras ao vento” sob o ponto de vista de “mentiroso”, de “quadrilhas”. Ontem, trezentos mil filiados foram às urnas para nos ajudar a reconstruir, a reerguer, a defender valores e princípios que temos muito claros de que esta Nação precisa. Este Estado republicano e democrático sabe que o Partido dos Trabalhadores cumpre um papel fundamental na consolidação da democracia nacional.

Dito isso, vou entrar no tema que tinha preparado para discutir hoje, sobre o nosso 20 de Setembro, a Semana Farroupilha, ou a questão do gaúcho. E quero falar ao Líder do PMDB, Ver. Sebastião Melo, que veio a esta tribuna e usou com deselegância a minha citação sobre um Projeto. O Ver. Sebastião Melo tem esta prática: vem à tribuna no período de Liderança, em que não se pode fazer aparte, e depois some do Plenário, não está mais aqui para fazer o debate! Eu quero que ele venha ao Plenário fazer o debate a respeito do Projeto que estamos construindo sobre as hipovias de Porto Alegre.

Eu gostaria que mostrassem, para todo o Rio Grande saber e ver, o que é o Projeto das hipovias. (Mostra o cartaz.) Estamos fazendo essa proposta ao nosso Plano Diretor, Ver. Nereu, no conceito do que já existe de rodovia, ciclovia, hidrovia, pedovia, para que venhamos a aprovar esse conceito, sendo a primeira Cidade no Brasil a tê-lo. As hipovias são vias públicas paralelas às ruas, avenidas e estradas com características e infra-estrutura própria para que se possa andar a cavalo ou realizar cavalgadas.

O Ver. Bernardino Vendruscolo, do PMDB - posso dizer aqui com muita tranqüilidade -, tem sido parceiro deste Vereador que aqui fala para discutir e encaminhar junto os temas. Ontem, às 6h, estávamos debatendo esse tema no Programa do Dorotéo Fagundes, grande comunicador do Rio Grande do Sul. E eu dizia que o Ver. Sebastião Melo aprovou uma lei em 2003, criando a figura intangível dos caminhos das cavalgadas. Agora, ele vem me fazer acusações levianas aqui desta tribuna, dizendo que eu estou fazendo demagogia. Não se pode fazer isso, Ver. Ibsen Pinheiro; é um trabalho sério! O colega de sua Bancada talvez tenha que se preocupar mais com Porto Alegre e deixar de viajar pelo Interior do Rio Grande do Sul, por todos os seus cantos, em todos os momentos. Pode fazer isso, sim, mas venha se preocupar com Porto Alegre! E eu elogiava e dizia, nos microfones da rádio Gaúcha, para todo o Rio Grande ouvir, que estávamos nos incorporando ao Projeto do Ver. Sebastião Melo, para dar-lhe vida, porque, da maneira como foi criado o Projeto, seria a chamada lei morta. Por que não se tornou realidade, se já tem dois anos de vida? Então, esse debate, sim, está em aberto.

E quero dizer mais a respeito do Corredor de Cavalgadas, da hipovia que está sendo construída. Eu gostaria que mostrassem aqui para todo o Rio Grande o grupo de trabalho composto na Av. Edgar Pires de Castro, no La Paloma, que faz, em todas as noites de lua cheia, uma cavalgada, gravando o primeiro traçado, que é um traçado construído coletivamente. Em julho de 2004, foi assinado um documento pelo conselheiro do Plano Diretor da cidade de Porto Alegre, pelo Sr. Armando, lá do Bolicho do Armando, pelo Sr. Erci Moser, da Região Sul de Porto Alegre, Sr. Presidente. Então, não estou vindo aqui piratear algo de ninguém, não; nós somos representantes da sociedade para, conjuntamente, Ver. Dib, construirmos alternativas criativas.

Agora, parece que, quando alguém apresenta uma proposta que é nova, criativa, os corregedores vêm dizer que não pode. Eu quero que o Ver. Sebastião Melo fique no Plenário para discutir os conteúdos com a honradez que todos os Vereadores aqui merecem. Muito obrigado, senhores e senhoras. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Exmo. Ver. Elói Guimarães, demais Vereadores, prezado Ver. João Dib, uso a Liderança neste momento porque, por alguns minutos, vou ter que me ausentar do Plenário para fazer um atendimento, mas queria manifestar-me.

No dia 20 de setembro de 2005, o dia de amanhã, Ver. Bernardino, nós estaremos comemorando os 170 anos do início da Revolução Farroupilha, a mais longa revolta republicana deste País contra o império escravista e centralizador. Da mesma forma, estaremos, prezada Verª Margarete, comemorando os 160 anos da pacificação do Rio Grande do Sul.

Eu penso que esse é o episódio mais relevante da nossa história, episódio que vincou o espírito de luta, o espírito de rebeldia do povo rio-grandense. Lembremos que, talvez, por fruto de toda essa luta, nós tivemos também, aqui no Rio Grande do Sul, outros grandes fatos históricos que, de certa forma, singularizam a nossa trajetória: a Coluna Prestes, em 1924; a Revolução de 30; a Resistência ao Golpe Militar de 1961, com a Legalidade; a luta antiimperialista, Ver. Nereu; toda a experiência da construção do Governo Brizola, que teve um caráter progressista, antiimperialista, que estatizou a CRT, que fez experiências de Reforma Agrária. Isso tudo não são coisas que acontecem por acaso, são fruto de uma longa luta que criou o espírito libertário no nosso Estado.

Entendemos que, no balanço dessa gesta histórica, nós precisamos nos distanciar de duas interpretações equivocadas sobre a Revolução Farroupilha. A primeira se expressa em uma historiografia tradicional, laudatória dos “monarcas das coxilhas”, em geral brancos e ricos; da “democracia do pampa”, sem explorados e sem exploradores - quem sabe, né? -, que idealiza o espírito libertador, o espírito emancipador dos grandes fazendeiros que hegemonizaram essa luta. Diante dessa interpretação, não se consegue enxergar as contradições que havia nesse processo, no qual havia uma maioria progressista, uma maioria inclusive abolicionista, mas também, entre os farrapos, havia uma minoria escravocrata, conservadora. A maior expressão dessas contradições é o Massacre de Porongos, que ocorreu no dia 14 de novembro de 1844, quando esse setor reacionário, que hegemonizou a Revolução Farroupilha na sua etapa final, massacrou os lanceiros negros lá em Porongos.

Mas, assim como há essa interpretação idealizadora, Verª Maria Celeste, existe uma outra interpretação que é como uma reação contrária a essa visão elitista, como uma interpretação superficial, uma interpretação, muitas vezes, um tanto panfletária que chega ao ponto de negar o caráter progressista da Revolução Farroupilha. Verª Sofia Cavedon, em 1835, uma luta que enfrenta o império escravocrata, que defende a República, que defende uma descentralização vai ser reacionária? Aí dizem: “Não, mas era a oligarquia quem dirigia”, mas queriam que fosse o proletariado de 1835? Então nós temos que escapar dessas visões maniqueístas, ou idealizadoras, ou que negam o seu caráter. Nós temos a convicção de que o processo da Guerra dos Farrapos é um processo progressista, importante e que vincou a concepção, a ideologia, a cosmovisão do próprio povo gaúcho.

Também queríamos dizer que outra grande polêmica sobre a Revolução Farroupilha é se ela era uma luta separatista, Ver. Oliboni, ou uma luta, digamos, de caráter federalista. Quero dizer que, no meu entender, a característica básica da Revolução Farroupilha era de ser uma luta pela República, e a questão do separatismo era uma questão contingencial. Todos os proclamas dos Farrapos, de Bento, nesse processo, são no sentido de que as demais províncias fizessem a sua independência, e, a partir daí, se construísse, no contexto da República, novamente a Nação brasileira como a confederação.

Para concluir, eu queria dizer que, certamente, essa luta continua sendo uma experiência importante para o nosso povo, para continuar a construção, agora, de um Brasil soberano, de um Brasil democrático, de um Brasil que rompa, de uma vez por todas, com essa página trágica que foi o período neoliberal, de entreguismo, de restrição à democracia e de retirada dos direitos do nosso povo. E, certamente, o povo gaúcho estará, Ver. Nereu, à frente dessa luta para um verdadeiro projeto de Nação, emancipador, em que afirmemos os direitos e a grandeza do povo brasileiro. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Valdir Caetano está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Ausente.

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. N. 1245/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 051/01, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que autoriza o Executivo Municipal a prestar atendimento universal e igualitário de urgência, emergência e maternidade na zona sul da Capital e dá outras providências. Com Substitutivo n. 01. Com Emenda n. 01 ao Substitutivo n. 01

 

PROC. N. 3445/01 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO  N. 021/01, de autoria do Ver. Adeli Sell, que altera a redação do item 86 da Lista de Serviços anexa ao art. 18 da Lei Complementar nº 7, de 7 de dezembro de 1973, e alterações posteriores, que institui e disciplina os tributos de competência do Município.

 

PROC. N. 2942/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 140/05, de autoria do Ver. Elias Vidal, que veda a realização de concursos públicos no Município de Porto Alegre, das 17h de sexta-feira às 20h30min de sábado. Com Emenda n. 01. Com Substitutivo n. 01.

 

PROC. N. 4184/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 198/05, de autoria do Ver. Alceu Brasinha, que determina o cancelamento da licença para localização e funcionamento e do alvará do estabelecimento que adquirir, distribuir, comercializar ou estocar mercadorias e produtos falsificados ou contrabandeados. Com Emenda n.01.

 

PROC. N. 5074/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 242/05, de autoria da Ver.ª Maristela Maffei, que institui a Semana da Lomba do Pinheiro, a ser realizada, anualmente, no período que antecede o dia sete de setembro, concomitante com as atividades alusivas ao Sete de Setembro, que passa a integrar o Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre.

 

PROC. N. 5130/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 245/05, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Padre Antonio Domingos Lorenzatto.

 

PROC. N. 5136/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 246/05, de autoria do Ver. Luiz Braz, que institui o Dia Municipal de Combate à Psoríase a ser realizado, anualmente, no dia 29 de outubro.

 

PROC. N. 5143/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 248/05, de autoria do Ver. Adeli Sell, que institui o Dia Municipal do Gibi João Mottini no Município de Porto Alegre, a ser realizado, anualmente, no dia 24 de junho.

 

PROC. N. 5148/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 252/05, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, que inclui no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre a “Romaria das Águas”, realizada, anualmente, no dia 12 de outubro.

 

PROC. N. 5196/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 254/05, de autoria do Ver. Carlos Comassetto, que inclui no Calendário de Eventos Oficiais de Porto Alegre a Festa de Nossa Senhora de Belém, organizada pela Paróquia Nossa Senhora de Belém, realizada, anualmente, no segundo domingo de setembro.

 

PROC. N. 5393/05 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N. 126/05, de autoria dos Vereadores João Carlos Nedel, João Antonio Dib e Ver.ª Mônica Leal, que concede o Prêmio de Educação Thereza Noronha ao Padre Egydio Eduardo Scheneider, SJ.

 

PROC. N. 5455/05 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N. 005/05, que acrescenta o § 3º ao art. 68 da Lei Complementar n. 133, de 31 de dezembro de 1985, alterado pela Lei Complementar n. 407, de 05 de janeiro de1998, e dá outras providências.

 

PROC. N. 5456/05 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N. 016/05, que dispõe sobre a oficialização do Caminho dos Antiquários no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, hoje nós temos treze Processos em segundo dia de Pauta. Na quarta-feira, deve haver muito mais.

Mas eu fico muito triste, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, quando nesta tribuna, por exemplo, eu falo que nós deveríamos ter menos Vereadores e alguns entendem que eu quero retirar Vereadores deste Plenário. Claro que eu não quero fazer isso; eu quero diminuir o número para o futuro. Fico triste quando eu digo que nós fazemos excessos de leis e que há uma fúria legiferante, e os Vereadores - ou alguns Vereadores - imaginam que eu quero ofendê-los.

O Professor Miguel Reali disse, num belíssimo artigo, que não é mais plausível, hoje, que alguém possa ser punido alegando que desconhece a lei, porque nem os que fazem as leis as conhecem todas. O nosso Desembargador Vasco Della Giustina, há poucos dias, fez um artigo no jornal O Sul, e até parece que ele escreveu para a Câmara Municipal. Há algumas coisas ali sobre inconstitucionalidade de leis e de projetos que seria muito bom que todos os Vereadores lessem. Agora, o importante da lei é que ela deve ser clara, precisa e concisa, e o indivíduo deve saber fazer lei.

J.G. de Araújo Jorge era um grande poeta. Ele fez um Projeto de Lei, e não deu certo, que ficou doze anos tramitando. Vejam só a competência do poeta, numa só frase do poema “Chegas”, ele dizia: “Chegas, e eu adolesço...”. Será que alguém pode fazer uma frase mais bonita do que essa? Pois o J.G. de Araújo Jorge viu um Projeto seu durante doze anos tramitar no Congresso Nacional, fazendo uma coisa que seria boa, só que não soube fazer, não pensaram bem nos detalhes, que todos os feriados caíssem numa segunda-feira, com exceção, é claro, do Natal, do Ano-Novo, do 7 de Setembro e três ou quatro exceções. Mas foi aprovada a lei, foi colocada em prática, acho que por dois ou três meses, e depois se viu que não funcionava, porque lei deve ser clara, precisa, concisa e estudada. Então Vereador, Deputado, para ser um bom Vereador, um bom Deputado, não precisa fazer leis, não; basta que ele fiscalize o seu cumprimento.

Eu disse que há treze Projetos aqui. Há dois do Executivo; sobre um deles eu ouvi o Ver. Comassetto falando, que é o Caminho dos Antiquários no Município de Porto Alegre. Acho que eu colocaria “Feira dos Antiquários no Município de Porto Alegre”, porque senão vou confundir ambulante com caminhante, acho que o melhor seria feira, mas, em todo caso, por alguma razão histórica, talvez se faça assim.

O Executivo também manda um Projeto de Lei do qual os funcionários, na quinta-feira, reclamaram aqui, alterando a Lei Complementar nº 133, que é o Estatuto. E, com toda assessoria que há lá, o Executivo esqueceu de uma coisa extremamente importante para que o Processo pudesse ser encaminhado, esqueceu de dizer o que representa em reais essa alteração legislativa que pretende fazer; sem isso esta Casa não pode votar. E vejam que um dos melhores Procuradores que eu já vi nesta Casa, o Dr. Velasques, deixou passar o fato em branco; vejam como é difícil fazer leis.

Está no Regimento Interno que Comunicação de Líder é um assunto urgente, inadiável, submetida à consideração do Sr. Presidente, e aí eu ouvi o histórico da Revolução Farroupilha, fiquei sabendo agora que amanhã faz 170 anos da Revolução Farroupilha! Eu não sabia! Se não houvesse a Comunicação de Líder, eu estaria na minha ignorância. Eu precisei que o Ver. Carrion pedisse Liderança para falar nesse assunto urgente, inadiável: amanhã, 170 anos da Revolução Farroupilha! Salve Bento Gonçalves! Saúde e PAZ, Sr. Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; colegas Vereadores, colegas Vereadoras, público que nos assiste, temos para discutir um conjunto de Projetos que ingressa nesta Casa, e aí, Ver. João Dib, eu não me preocupo com a quantidade dos projetos; preocupo-me com a qualidade dos projetos, aqueles que integram a Cidade, aqueles que trazem qualidade à nossa comuna. Esse é o papel deste Legislativo. E, na homenagem ao Dia 20 de Setembro, sim, temos que afirmar e reafirmar, cada vez mais, os valores e os princípios republicanos, precisamos ter a capacidade de produzir leis que se tornem realidade, e é a integração com a sociedade que faz com que o Legislativo seja mais expressivo ou menos expressivo.

Diante disso, quero comentar a respeito de dois Projetos que temos hoje. O primeiro refere-se a um Projeto de Lei de nossa autoria que continua, Ver. João Dib, com a simplicidade das iniciativas, mas defendendo um conceito, e defendo aqui um conceito de cidade: que venhamos a construir, cada vez mais, consolidar e solidificar uma Porto Alegre descentralizada. E nós apresentamos um Projeto de Lei incorporando uma atividade, uma festividade de Belém Novo, que é a Festa da Nossa Senhora de Belém, no Calendário Oficial da Cidade. Por que isso? Porque entendemos que, em relação a esse conceito de cidade descentralizada, os bairros devem ter a sua identidade, devem assumir a sua característica, valorizar os seus espaços. E os princípios republicanos de afirmação de cidadania são afirmações de identidade, de diversidade, afirmações que, por meio das diferenças, podemos, sim, construir caminhos unificados. Portanto, esse é o Projeto que apresentamos.

Tenho vários outros colegas aqui, de todos os Partidos, que trabalham, transitam e labutam em toda a Cidade e na Região Sul, inclusive em Belém Novo: Ver. Todeschini, Ver. Mario Fraga, e vários outros Vereadores; Verª Margarete Moraes, com o tema da cultura; eu poderia citar os 36 Vereadores aqui. Então, esse é um dos trabalhos. Nesse sentido, o Projeto tem uma importância para aquela colenda, para a sua comunidade, para a sua coletividade. Portanto, no momento em que apresentamos um Projeto que oficializa e traz para o Calendário Oficial de Porto Alegre o reconhecimento da festividade de Nossa Senhora de Belém, que completou, no último dia 11, 127 anos...

 

A Srª Sofia Cavedon: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Comassetto, queria aguardar que terminasse as suas considerações sobre o Projeto, pelo qual quero o parabenizar, mas gostaria de me referir, muito rapidamente, ao Projeto que também está na Pauta, que é o Projeto que altera o Estatuto do Funcionalismo Municipal, ao qual o Ver. Dib se referiu, preocupado com a repercussão financeira. De fato, não há repercussão financeira, porque, pelo Projeto, o ônus é para o órgão de origem, mas aqui há um problema sério e inédito: o Governo Municipal cria uma novidade que retira uma conquista importante dos funcionários municipais, de apenas os funcionários municipais poderem ser investidos nas suas funções gratificadas. E o Projeto traz a novidade de que funcionários cedidos poderão ocupá-las. Isso é grave, nós teremos de fazer o debate. Obrigada.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Muito obrigado, Verª Sofia.

Para concluir, Sr. Presidente, quero afirmar aqui um outro Projeto de importância para a cidade de Porto Alegre; quero sintetizá-lo, Ver. Sebenelo, porque foi uma Emenda de V. Exª, como também deste Vereador e de outros Vereadores, o Ver. Aldacir Oliboni. Nós constituímos oficialmente em Porto Alegre, politicamente, a existência do Pronto-Socorro Zona Sul no Hospital Parque Belém. E o Ver. Aldacir Oliboni traz aqui esse Projeto autorizativo, que vem, sem dúvida, se somar à decisão já tomada por esta Casa em definir, no Plano Plurianual, o Projeto de constituir o Pronto-Socorro da Zona Sul, bem como aprovamos, entre outras autorias deste Vereador, a questão da afirmação política e da existência de direito e de fato, nos projetos do Executivo Municipal, do Hospital Geral da Restinga. Esses eram os meus comentários, Sr. Presidente. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, creio que todo o País hoje, todas as tribunas parlamentares ocupam-se da crise que assola a nossa Nação. Nós verificamos que o PT se digladia entre duas vertentes, nitidamente divididas: uma mais à esquerda, que seria a vertente socialista, e aquela mais do centro, para dizer o menos, aquela que comprometeu a história dos 25 anos do PT. E, então, também corrigi aqui o Ver. Comassetto no sentido de esta tribuna, pela televisão, abrange uma multidão de telespectadores, e o Vereador referiu-se aos 300 mil que votaram ontem. Não, os dados já estão pré-estabelecidos, foram publicados ao meio-dia de hoje: 248 mil militantes, dos 800 mil, compareceram. De qualquer maneira, foi um comparecimento, diante da crise, Vereador, bastante avantajado.

E acho até bom, porque mostra que aqueles que querem o fim do PT - não é o nosso caso -, o que, para a democracia, é absolutamente incompatível, é só aquela direita raivosa como a do Chico Buarque ou de alguns que, com riso de hiena, fazem essa torcida... Não é o nosso caso. Mas, sob o ponto de vista político, é importante, sim, o que resultar da eleição do PT, porque, segundo anunciam Deputados muito lutadores, de muito valor do PT, mais à esquerda, se o campo majoritário ganhar, eles vão se retirar, mas é um problema também interna corporis do Partido dos Trabalhadores, e os dias e os meses darão o veredicto.

De nossa parte, que é o PDT, estamos sob a Presidência de Carlos Lupi, que tem a anuência do Rio Grande, porque ele sempre, nos últimos dez anos, esteve ao lado de Brizola, foi extremamente fiel nos bons e nos maus momentos e, principalmente, politicamente; além da amizade pessoal com o Brizola, politicamente não se afastou um milímetro da nossa ideologia, ou seja, aqueles que pensavam que o Partido ia ser um trampolim para os carreiristas equivocaram-se de lado e de tarefa. De nossa parte, nós estamos contentes, porque estão advindo ao PDT não quantidade, coisa que não queremos, mas a qualidade de Parlamentares para somarem-se à nossa luta.

A mais expressiva figura é o Senador Cristovam Buarque, que já havia votado no Brizola, que tinha e tem uma vinculação, já que foi excelente Ministro da Educação, com as escolas de turno integral, sempre apoiando. Agora, saindo do PT, virá às hostes trabalhistas. E será recebido por nós, no Rio Grande, até o final do mês. É sem dúvida uma grande conquista para nós, do PDT.

A segunda qualificada conquista - e está no jornal O Sul, de sábado, na coluna da Tereza Cruvinel - eu passo a ler (Lê.): “Primeira baixa na esquerda. Não ocorreu no PT, mas no PCdoB, a primeira desfiliação por conta da crise. Militante do Partido há 42 anos, o Deputado Sérgio Miranda, tido como um dos mais preparados e aplicados da Câmara, deixou o Partido anteontem. Já vinha de um conflito com a direção por ter votado contra a Reforma Previdenciária, o que lhe valeu o afastamento do Comitê Central. As diferenças se aguçaram na crise política, diante da fidelidade do Partido ao Governo Lula e da disposição para manter a aliança com o PT. ‘Saio com a sensação de perda que toda ruptura provoca, mas esta foi uma imposição da honestidade política’, diz Miranda, que deve se filiar ao PDT.” De modo que é um qualificado quadro também à esquerda, que nós proclamamos, nesta tribuna, junto com o Senador Cristovam Buarque.

Também está deixando o PT, do Rio de Janeiro, o Deputado André Costa, excelente Deputado, que, em breve, advirá ao PDT. Finalmente, também do Rio de Janeiro, e já foi do PDT, o Senador Saturnino Braga, que à época teve uma dissidência com o Partido em relação à vaga de Senador, porque havia um acordo para que ele ficasse quatro anos, e Carlos Lupi os outros quatro anos no Senado, e essa questão não ficou bem resolvida. Mas Carlos Lupi, semana passada, num abraço emocionado ao Senador Saturnino Braga, deixou de lado as questões pessoais, até porque Brizola já desapareceu, e essas questões menores foram sepultadas. Possivelmente, se deixar o PT, Saturnino Braga já anunciou que virá ao PDT.

Eu cito quatro figuras de qualidade, não de quantidade, porque nós não somos urubus, não estamos, na infelicidade dos outros ou nas questões dos outros Partidos, fazendo cooptação oportunista. Não! Nós estamos recebendo esses à que me referi, que tiveram problemas de ordem política, ideológica, parlamentar com os seus respectivos Partidos e, portanto, como já vinha sendo anunciado, deixaram os seus Partidos e virão ao PDT. Nós estamos engrossando os nossos quadros não com inchamento, um inchaço fisiológico, mas com pessoas qualificadas.

Apesar disso, não abro mão de que, nas reformas políticas que advirão certamente desta crise monstruosa que assola o País, os resultados sejam uma reforma política ampla, geral, irrestrita, conseqüente e que traga, entre os seus fundamentos, a fidelidade partidária, porque aí, quando as pessoas se candidatam e são de um Partido, permanecerão naquele Partido. Embora nós saudemos e demos boas-vindas a esses aos quais me referi, nós achamos que o País tem que, agora, para superar e sepultar esta crise, sair dela com propostas para melhorar a nossa democracia, principalmente a continuidade dos Partidos políticos enxutos, com ideologia, sem fisiologismo e com princípios básicos para fortalecer e não enfraquecer a nossa democracia. Obrigado, Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, há vários Projetos em Pauta, mas eu vou me deter primeiramente no Projeto de Lei do Ver. Aldacir Oliboni, que concede Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Padre Antonio Domingos Lorenzatto. O Padre Lorenzatto é uma daquelas figuras que hoje, realmente, estão inseridas dentro do contexto de Porto Alegre. Ver. Oliboni, eu quero parabenizá-lo por essa escolha, uma bela escolha, realmente uma pessoa atuante, e sabemos o carinho que ele tem pela comunidade do bairro Glória, é ele quem cuida da Gruta de Lourdes. É o responsável, também, por toda a espiritualidade do Hospital Divina Providência, e ele tem uma familiaridade muito grande com os movimentos sociais do bairro Glória. Então, quando V. Exª procura distingui-lo com o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, o maior Título da Cidade, trata-se de uma iniciativa bem-vinda, porque ele é uma daquelas pessoas que realmente fazem a sua ação social de forma franca, espontânea. É uma pessoa carismática, tem uma grande relação com a comunidade do bairro Glória e de Porto Alegre. Portanto, gostaríamos de parabenizá-lo.

Há também um Projeto do Ver. Elias Vidal que veda a realização de concursos públicos no Município de Porto Alegre das 17h de sexta-feira às 20h30min de sábado. O Ver. Elias Vidal coloca a questão do art. 5º da Constituição Federal, que fala na inviabilidade e a liberdade da consciência e crença, estabelecendo o princípio da liberdade religiosa. Ao mesmo tempo, eu tive o cuidado de ler o Parecer prévio da Procuradora da Casa, que coloca que seria um Projeto autorizativo. Ela faz uma Exposição de Motivos, e depois também foi apresentado o Substitutivo.

Eu respeito a questão dos credos religiosos, das suas manifestações, mas vejo dificuldades, porque nós sabemos que todos os concursos públicos, normalmente, ou são realizados nos sábados ou nos domingos. E alguns nos sábados e domingos. Nesse caso, aprovado o Projeto do Ver. Elias Vidal, todos os concursos públicos do Município de Porto Alegre só seriam possíveis no domingo, porque ele veda a realização das 17h de sexta até às 20h30min de sábado.

O outro Projeto ao qual quero me deter é um Projeto do Executivo. O Ver. João Dib já falou a respeito desse Projeto. Eu vou ler o parágrafo 3º (Lê.): “Poderão ser atribuídas funções gratificadas, pelo desempenho de atividades de direção e assessoramento superior, a funcionários públicos detentores de cargo de provimento efetivo de outra esfera governamental que estão cedidos para o Município de Porto Alegre com ônus para o órgão de origem.” Ora, parece-me que esses casos se aplicam mais à questão da Saúde, porque na Saúde há vários profissionais que são federais e há outros que são estaduais, e o Município quer que esses funcionários possam receber FGs. Eu estou propondo, Ver. João Antonio Dib...

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte?

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Não vou poder lhe dar aparte porque tenho só 45 segundos, mas, se o Presidente for benevolente, terei o maior prazer em lhe conceder o aparte.

 

O Sr. João Antonio Dib: Nobre Vereador, ele concedeu.

Quero dizer que hoje, pelo Estatuto, a Lei Complementar nº 133, somente os servidores do quadro podem receber função gratificada.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Exato, são só os funcionários do quadro municipal. Então eu proponho, Vereador, que nós possamos, primeiro, ver o impacto financeiro e levarmos isso para a Comissão da qual nós dois fazemos parte, a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, para ver a repercussão, porque, com referência ao art. 3º, aqui, eu fiquei com “um pé na frente e outro atrás”, desculpe-me a franqueza. Olhe o que está expresso (Lê.): “Fica o Executivo Municipal autorizado a abrir créditos suplementares necessários para cobertura das despesas decorrentes da aplicação desta Lei Complementar.” Ou seja, mais uma vez está sendo proposto que a Casa dê um cheque em branco ao Executivo para abrir crédito suplementar. Já quero dizer, de antemão, que este Vereador não concorda com o art. 3º. Eu quero ver a repercussão financeira deste Projeto. Mas acho que a nossa Comissão vai ter a oportunidade de discuti-lo. Muito obrigado, Sr. Presidente.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, segundo o Ver. João Antonio Dib, hoje é o Dia Internacional da Paz, e ele está fazendo essa campanha pela paz aqui. Paz. Há pouco me telefonou Olavo Pereira da Silva, um dos lutadores pela paz - pela ordem e pela paz. Então, estamos, todos nós que lutamos pela paz, de parabéns.

Na Pauta, há um Projeto do Ver. Adeli Sell que propõe uma alteração na Lei Complementar nº 7, incluindo na tributação do ISSQN a propaganda via Internet em banners e outros detalhes da chamada “publicidade via Internet”. É realmente um Projeto importante, porque as atividades de serviço se desenvolvem no dia-a-dia, e nós, muitas vezes, ficamos superados e deixamos de arrecadar tributos sobre novas atividades, sobre essas modernas tecnologias que aparecem. Então, parabéns, Ver. Adeli Sell, porque é oportuno cobrar impostos sobre novas atividades que são importantes para a nossa vida.

Há também um Projeto do Ver. Aldacir Oliboni que concede Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Padre Antonio Domingos Lorenzatto. O Padre Antonio é o responsável pela Gruta Nossa Senhora de Lourdes no bairro Glória, e é um batalhador pela devoção à Nossa Senhora. Quem visita aquela Gruta percebe quantas graças as pessoas têm recebido. Então, Vereador, parabéns pelo seu Projeto; é um estímulo para uma pessoa extremamente batalhadora, pelo bem comum e pela paz, Ver. João Dib.

 

O Sr. Aldacir Oliboni: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Nedel, agradeço a referência, como também agradeço ao nobre Ver. Professor Garcia. Só quem vai à Gruta da Glória percebe o quanto é importante a fé das pessoas, pois no entorno da Gruta existem centenas e até milhares de recordações de pessoas que deixaram ali a sua lembrança, porque através da fé conseguiram alguma graça. Então, o Padre Lorenzatto, que faz essa relação com a comunidade, é, sem dúvida, merecedor. Agradeço-lhe a referência.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Parabéns, Vereador.

E, nessa linha, o Ver. João Antonio Dib, a Verª Mônica Leal e este Vereador estamos propondo também a concessão do Prêmio de Educação Thereza Noronha ao Padre Egydio Eduardo Scheneider, um jesuíta Diretor do Colégio Anchieta. Meu Deus do céu! Quantos benefícios em favor das pessoas e da educação do povo o Colégio Anchieta tem feito. E, sob a direção do Padre Egydio, gerações foram formadas e estão melhorando a nossa Cidade e o nosso mundo. Então, é um Projeto que, sem dúvida, deverá ser aprovado por esta Casa, porque o Padre Egydio realmente tem contribuído para a melhora da nossa sociedade.

Também em Pauta há um Projeto do Ver. Elias Vidal que veda a realização de concursos públicos no período da tarde de sexta-feira até sábado. Eu entendo que se trata de um problema de cunho religioso, é um Projeto que deverá ser discutido, eu acho difícil a sua aprovação, porque muitos concursos são feitos em fins de semana justamente para que as pessoas não faltem ao seu trabalho e possam prestar concurso. Mas o Projeto entra em Pauta e deverá ser estudado pelos Srs. Vereadores e pelas Sras. Vereadoras. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Clênia Maranhão está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, estamos no período preliminar de Pauta, quando aqui fazemos as discussões sobre os inúmeros Projetos que estão tramitando em nossa Casa. Porém o nosso tempo é exíguo, quero apenas me referir a três Projetos de Lei que estão em tramitação.

O primeiro é um Projeto de Lei de minha autoria que procura incluir no Calendário Oficial de Porto Alegre o evento Romaria das Águas. Para quem não conhece muito a nossa Cidade, eu queria lembrar que a Romaria das Águas é um evento iniciado por um grupo de religiosos e pescadores da Ilha da Pintada, que, desde 1994, homenageia a Santa protetora das pessoas da Ilha dos Pescadores e dos nossos porto-alegrenses. E eu acho importante a incorporação dessa data no nosso Calendário Oficial, porque, ao longo dos anos, essa festa foi tomando uma nova dimensão, ela se transformou num movimento ecumênico, num movimento daqueles que lutam pela paz, pelo respeito à religiosidade, pelas diferenças e pelas questões ambientais.

Todos os anos nós acompanhamos as procissões que saem, com suas crenças, com suas flores, com seus ornamentos, e terminam na beira do Guaíba com um ato ecumênico de defesa da natureza e da questão ambiental. É realmente um evento múltiplo; múltiplo do ponto de vista da religiosidade, da cultura, da diversidade. Acho que a dimensão que tem tomado esse evento faz com que o porto-alegrense possa, nesse dia, retomar um pouco da sua história, olhar para as águas, olhar para o rio e se enriquecer com as inúmeras informações que são distribuídas pelos órgãos públicos, pelas ONGs que ali mostram a importância da preservação dos mananciais hídricos do nosso Planeta. Porto Alegre é uma Cidade que prima por essa história da diversidade. E, portanto, a Romaria das Águas é um reforço a essa cultura, a esse respeito à diversidade das nossas etnias, das mulheres e dos homens que habitam o nosso Município.

O segundo Projeto ao qual queria me referir é um Projeto que também trata da questão da diversidade. Eu me refiro ao Projeto - seguramente ainda será muito discutido nesta Casa - de autoria do Ver. Elias Vidal que veda a realização de concursos públicos no Município de Porto Alegre das 17h de sexta-feira às 20h30min de sábado. Eu, inclusive, conheço legislações de outros Estados brasileiros similares a essa. É uma discussão extremamente importante trazida a esta Casa pelo Ver. Elias Vidal, que é um Teólogo e que, portanto, trabalha com profundidade em relação a esse tema. Muitas vezes, as religiões predominantes de um Município acabam delimitando os horários e definindo as datas, desconsiderando a religiosidade de outros grupos, como é o caso dos Sabatistas, como é caso de várias religiões que guardam o sábado como uma crença, como uma cultura religiosa, com um princípio religioso daquele segmento.

Então, eu acho que o Projeto do Ver. Elias Vidal trará para esta Casa um debate sobre o direito religioso, sobre a diversidade religiosa e sobre a necessidade de os órgãos públicos se adaptarem a esses novos tempos, que respeitem as religiões, que procurem incentivar a prática religiosa de todos os grupos, de todas as pessoas que habitam em uma cidade, em um Município. Eu queria dizer ao Ver. Elias Vidal que ele trouxe um debate que, inclusive, é internacional. Todos nós acompanhamos o grande debate que se estabeleceu na França, nos dois últimos anos, em relação aos símbolos religiosos e ao uso de véu nas escolas. Eu também já tenho um Projeto que trata desse tema, referente à área da Educação, porque eu acho que os temas civilizatórios, que incluem os direitos às religiões e ao livre exercício dos cultos religiosos, são temas que também têm de estar incorporados nos Parlamentos locais, os quais, cada vez mais, se incorporam na luta pelos temas civilizatórios, que são os temas ambientais, dos direitos de gênero, dos direitos étnicos e dos direitos religiosos. (Palmas.)

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público presente e assistentes do Canal 16, eu estou aqui, neste momento, fazendo uma manifestação em nome da Liderança da minha Bancada, porque, anteriormente, o Ver. Sebastião Melo fez algumas acusações levianas, assim como o fez o Ver. Luiz Braz em outras ocasiões. Num outro dia, num canal aberto de televisão, eles também fizeram acusações levianas. Aliás, esses dois Vereadores têm tido esse tipo de atitude, no sentido de fazer acusações como, por exemplo - como foi dito pelo Ver. Sebastião Melo -, de que haverá uma reunião no Tribunal de Contas para julgar as contas do Prefeito Tarso Genro acerca das questões da licitação de contratação das empresas para a coleta de lixo, insinuando ou, muitas vezes, deixando e querendo fazer entender que o governante, neste caso, o Prefeito, já estaria condenado, que o assunto já haveria transitado em julgado.

Eu quero dizer que essa é uma atitude leviana, irresponsável e mentirosa. Eu digo isso e afirmo, porque estou aqui com uma Certidão da Justiça Eleitoral em mãos, da qual o Ver. Sebastião Melo e o Ver. Luiz Braz eram sabedores, e eles falaram só a metade daquilo que sabiam, demonstrando atitude de má-fé, o que, constantemente, os dois têm quando vêm se manifestar. Essa Certidão coloco à disposição para circular no plenário e mostro para a televisão. (Mostra o documento.) Passo a ler a Certidão da Circunscrição Eleitoral do Rio Grande do Sul, 158ª Zona Eleitoral de Porto Alegre (Lê.): “Certifico e dou fé, para os devidos fins, que, revendo os processos de prestação de contas referentes às eleições realizadas no ano de 2000, foram julgadas boas e regulares as contas de campanha do candidato Sr. Tarso Fernando Herz Genro, conforme acórdão (fls. 377) proferido no processo TRE/RS, classe 15, de nº 15024900. Dada e passada nesta cidade de Porto Alegre/RS aos 08 dias do mês de setembro do ano dois mil e cinco. Elenara Souza Morais, Chefe de Cartório da 158ª Zona Eleitoral.”

Eu quero dizer que aqui está a verdade por inteiro daquilo que muitas vezes é usado de forma irresponsável, repito, atitude irresponsável e leviana desses que fogem do plenário, quando têm que estar aqui ouvindo a verdade - Ver. Sebastião Melo e Ver. Luiz Braz. Aqui está a resposta, aqui está a Certidão à disposição de todos os que quiserem ter acesso a ela. Portanto, não aceitamos, de forma nenhuma, esse tipo de atitude: é irresponsável, Ver. Luiz Braz, é irresponsável, Ver. Sebastião Melo, aquilo que se faz, porque se falta com a verdade sistematicamente para imputar responsabilidades ou querer imputar responsabilidades a outro.

Em segundo lugar, quero saudar e enaltecer, em nome da minha Bancada, o processo de eleições diretas e o processo de renovação das direções de nosso Partido, que, de cabeça erguida e com muito orgulho, está fazendo, sim, as depurações que, porventura, se fazem necessárias a respeito daqueles que cometeram algum deslize. Nós fizemos ontem as eleições, e praticamente 30% dos membros do nosso Partido participaram do processo. Essa é uma grande vitória da democracia, porque o PT certamente sai fortalecido, sai revigorado, e o PT volta com toda força à liderança da cena política nacional, porque nós, certamente, vamos encontrar soluções, elas não precisam ser encontradas por outros que sequer tem moral para falar ou para querer dar lição de moral. Os nossos problemas nós trataremos como têm de ser tratados, porque temos moral e autoridade para isso, e já o fizemos em outras vezes. Aliás, por falar em moral e autoridade, eu quero que as CPIs vão a fundo nos problemas, que não fiquem na superficialidade, fugindo lateralmente para ações superficiais, porque tem que ir a fundo e saber da verdade, esteja ela onde estiver, saber quem está com as mãos manchadas, quem, de fato, está envolvido nos crimes, e certamente verão que não será o nosso Partido. Um grande abraço. Obrigado a todos.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores, eu gostaria que o Ver. Todeschini deixasse a sua ira um pouco de lado e começasse a usar esta tribuna para fazer críticas honestas com relação aos seus colegas. Este Vereador não veio a esta tribuna em hora nenhuma para falar sobre as contas do ex-Prefeito Tarso Genro. Eu já critiquei o Ver. Todeschini e outros aqui, por exemplo, pelo BMG, por outras coisas que aconteceram, por campanhas que eu acredito que não ficaram bem explicadas, mas jamais este Vereador veio a esta tribuna para falar das contas do Sr. Tarso Genro. Eu não critiquei as contas do Sr. Tarso Genro, critiquei outras contas. Já tive embates outros, com referência, por exemplo, ao ex-Prefeito Raul Pont, mas, com relação ao ex-Prefeito Tarso Genro, eu, pelo menos, não critiquei. O Ver. Sebastião, sim, fez críticas com relação ao Sr. Tarso Genro, mas eu não fiz. Então, essas críticas, Ver. Todeschini, que V. Exª faz com relação a este Vereador... Pode me atacar por “n” razões, mas por essa V. Exª não tem razão. Com relação ao ex-Prefeito Tarso Genro, V. Exª não tem razão. Posso dizer a V. Exª com absoluta certeza que não fiz nenhuma análise com relação às contas do ex-Prefeito Tarso Genro.

Posso dizer a V. Exª o seguinte: quando o Tribunal de Contas aprova as nossas contas - inclusive isto tem sido muito comentado pela imprensa, as pessoas precisam saber, Ver. Haroldo -, ele o faz a partir daquilo que nós mandamos para lá, mas, normalmente - aliás muitas críticas têm sido feitas com relação a isso -, o Tribunal de Contas não busca saber a fundo o que tem a mais, o que não tem, o que foi enviado ou o que não foi enviado. Realmente acredito que o Tribunal é pouco instrumentalizado para poder fazer uma análise concreta sobre contas que lhe são enviadas. O Tribunal de Contas pode fazer uma análise sobre aquilo que está lá. Então, muitas vezes, eu vi injustiças sendo cometidas dentro do próprio Tribunal, isso é muito normal de acontecer, até porque várias vezes o Tribunal não tem os mecanismos necessários para fazer uma investigação mais profunda, então age e analisa com aquilo que tem em mãos. Ver. João Dib, várias vezes acontece de pessoas que não são tão culpadas receberem condenações mais drásticas e pessoas, às vezes, com muita culpa em cartório serem inocentadas pelo Tribunal. Eu tenho alguma relação também dentro do Tribunal de Contas e vejo que lá as pessoas têm realmente dificuldades para fazer justiça.

E, com relação às contas de campanha, Ver. Professor Garcia, várias e várias vezes vemos que essa justiça não é feita. Talvez agora, com essas modificações todas que estão sendo projetadas, com essas modificações que vamos ter no projeto político, tenhamos a possibilidade de contas analisadas de maneira melhor. Agora, eu venho a esta tribuna apenas para dizer que este Vereador não fez jus aos ataques do Ver. Todeschini, que usou a Liderança do seu Partido para dizer que eu havia atacado o Sr. Tarso Genro. Não me lembro, pelo menos, de momento algum em que eu tenha feito críticas desairosas ao Sr. Tarso Genro por causa das suas contas de campanha. Já ouvi aqui, várias vezes, o Ver. Sebastião tocando nesse assunto, mas não me lembro, realmente, de ter vindo aqui fazer críticas desairosas com relação ao ex-Prefeito Tarso Genro. Pode ser que eu tenha feito algum tipo de referência, mas jamais fiz uma análise mais aprofundada com relação às contas do Sr. Tarso Genro e, por isso mesmo, acho que os ataques que recebi aqui por parte do Ver. Todeschini são ataques completamente infundados.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, desde que o mundo é mundo existem as pessoas honestas e as desonestas, as pessoas boas e as pessoas más. É claro que o mundo lembra mais do Caim que do Abel, lembra do Gengis Khan, do Átila, do Nero, do Hitler, de Stalin, de outros tantos bandidos que por aí passaram e esquece pessoas que, no mesmo tempo, na mesma época, eram extraordinárias criaturas de bondade.

Há 25 anos surgiu um Partido, aí estava a concentração dos honestos: não havia falhas, não havia erros, só tinha gente boa. Não eram humanos, porque, se humanos fossem, teriam uns desonestos no meio deles. Então, passaram a tachar todos os outros que não fossem do Partido de desonestos. Passaram a criar um mundo a partir daqueles 25 anos atrás. Porto Alegre até nem existia, fizeram tudo.

Eu me lembro da Comissão de Inquérito da Fundatec. Eu me lembro muito bem do dia em que o meu amigo João Constantino Pavani Motta me disse, depois de uma sessão da Fundatec, da Comissão de Inquérito: “Dib, tu vais saber o que é fazer denúncia. Nós vamos levantar a tua Administração, e tu vais saber o que é fazer denúncia”. E eu agradeci, sinceramente, ao meu amigo João Constantino Pavani Motta por essa denúncia que ele quis fazer. Estou esperando até hoje. Levantaram, levantaram, mas não acharam nada. Eu era apenas um servidor público municipal, e a Fundatec pagou 350 mil dólares por algo que não valia e que não foi assinado pelo Prefeito, não foi assinado pelo Procurador.

Depois veio o forno do lixo. O forno do lixo foi para o lixo, só que agora estão cobrando da Prefeitura do José Fogaça. Aqueles que pagaram o forno e não viram o forno instalado. Em seguida, veio a balança do lixo. Quebrou a balança. Pagavam 14 toneladas, passaram a pagar 17. Depois, numa auditoria do Prefeito Tarso em cima do Prefeito Olívio, disse que tinha que procurar a empresa e pedir de volta o dinheiro da balança, do dinheiro pago a mais. Eles colocaram na página 3 do jornal Zero Hora: “Não pesamos o lixo, não emitimos o empenho, não fizemos o recibo, recebemos o que nos pagaram e não temos nada para devolver para ninguém”. Mas aí veio o motor de explosão: três dias antes de sair o Prefeito Olívio Dutra, o Diretor Campani manda estudar o motor de explosão, pelo DMLU, que não tem recursos, não tem pernas. Mas era tanta pressa para fazer o contrato que, em vez de pagar para a Fundatec o terço inicial, pagaram para a Cientec, que, é claro, não ficou com o dinheiro; devolveu-o.

Aí veio a compra do Jardim Leopoldina pelo dobro do preço. Alguém na Prefeitura ganhou com isso, e a Caixa Econômica também ficou bem. Aí houve uma emenda orçamentária de publicidade, retirada do Prefeito Tarso Fernando, e ele aumentou a verba de publicidade do seu Gabinete em 13.206%. E é claro que eu não vou falar na trama. Eu teria muito a dizer sobre a trama - até falta uma letra -, mas hoje não é o dia de falar sobre a trama. Mas também há aquele edifício que compraram na Rua da Praia: a escritura dizia que ele tinha 16 pavimentos, e, podem ir lá e contar, só há 15 andares. E não houve autorização legislativa para comprá-lo.

Então, daria para fazer uma série de acusações, porque não eram deuses; eram humanos, e, como humanos, há gente séria, muito séria até, que trabalha, que produz, que realiza, mas também há os desonestos. E, lamentavelmente, os desonestos sempre são os mais visados. Portanto, Ver. Todeschini - nada contra V. Exª, que foi um grande trabalhador -, é bom não criticar muito os outros, porque o telhado pode ser de vidro e quebrar muito fácil. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Paulo Odone está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PAULO ODONE: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu não ia me manifestar, mas a minha Bancada tinha Tempo de Liderança ainda. Eu assisti aqui a um pouco desse debate com alguns altos e baixos e ocorreu-me que a gente deveria aproveitar a data de hoje para fazer uma reflexão.

Eu lembro que, numa ocasião, eu evoquei - nós estávamos também na Semana Farroupilha, a Assembléia Legislativa comemora os aniversários, porque foi criada justamente com o início da nossa Revolução Farroupilha - um texto do Erico Verissimo, o “Solo de Clarineta”, no qual ele lembra que, nos tempos duros, tempo de poder central, de ditadura, de perseguição de minorias, tempo em que o povo se sente traído ou oprimido, nós, como cidadãos - e o Rio Grande quase sempre fez isso, e a Revolução Farroupilha foi um pouco isso -, temos de reagir dentro do que ele chama de escuridão e acender luzes. O Erico chegou a usar uma frase muito bonita no sentido de acender luzes, velas, nossos tocos de vela, riscar fósforos que sejam, no meio da escuridão, mas tentar trazer luz, o que significava liberdade e não a escuridão do autoritarismo.

Isso sempre foi o Rio Grande, e comemora-se, nesta semana, um movimento bonito, que foi o Movimento Farroupilha. Pois eu diria aos senhores que, no fundo, nesses tempos que estamos passando no País, todos nós nos sentimos, de uma certa forma, traídos pelo que se revelou em Brasília, de como é fácil aos Governos mancomunados com a iniciativa privada e com a meia dúzia dos que acham que os fins justificam os meios surrupiar da Nação o que é dela em proveito próprio, às vezes da cegueira de algum, se é que se pode chamar idealismo a certeza das verdades.

E tudo isso que nós vemos dia a dia alimentado e realimentado por novas informações da mídia, irônica e paradoxalmente, vão-se juntando; agora, o suspeito de ser a ferramenta, o instrumento do “valerioduto”, é o mesmo do “collorduto”; tem que ser, os caminhos são os mesmos: o caixa-dois dos Partidos políticos é o mesmo da eleição, do Collor do PC, como o da eleição do Lula com o Delúbio. Os mecanismos e os caminhos são os mesmos. A escuridão para os militantes dos Partidos, para a cidadania, é total nesses momentos. A gente só vê o tamanho do prejuízo, ou do engodo, depois. E, mais do que nos abater a todos, isso tem que nos trazer a necessidade, sim, de acender luzes nessa escuridão, de acender lâmpadas, velas, cotos, nem que seja riscar um fósforo na tribuna de uma Câmara de Vereadores. Eu, só por isso, valorizo tanto quem aqui possa fazer a análise e a crítica pelo que o País passou, pela traição de uma cúpula do PT aos ideais de um Partido, que parecia às vezes até ingênuo no idealismo e que, de repente, por um núcleo duro que lhe tomou conta, quando chegou ao poder, achou que, justificados os meios pelos fins, tudo era viável. Diante desse quadro, a nossa obrigação é essa, até de riscar os fósforos, que essa discussão não fique apenas para saber “se o meu caixa-dois foi maior que o teu” e vice-versa, se no Governo tal e qual se permitiu mais ou menos isso, mas o que nos imponha é a rígida obrigação de construir estruturas, daqui em diante, que possam cassar essa maldita tendência da história da nossa política de dizer aos companheiros que, quando se chega ao poder, uma coisa é o que se promete na campanha eleitoral, outra é o que se faz quando no Governo. “Chega de demagogia!”, foi o que nos disseram. Pois agora é a hora de o povo brasileiro dizer: “Basta de engodo. Daqui em diante, nós queremos estruturas capazes de nos proteger até da ignorância ou da ingenuidade de alguns idealismos”. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Visivelmente, não há quórum. Portanto, queremos encerrar a presente Sessão dizendo que a República ou as coxilhas bradaram os farroupilhas. Afinal, a paz de Poncho Verde!

Queremos convidar os Srs. Vereadores e as Sras Vereadoras para a Sessão Solene que realizaremos agora, às 19 horas, no Centro de Convenções Almir Ramos.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h43min.)

 

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